28 de março de 2024
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André, salvador da pátria

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<div>Até agora Puccinelli vinha medindo as palavras sobre suas intenções. Comedido, e tático, não deixava entrever que candidatar-se ao Senado já era uma decisão tomada e amadurecida, sobretudo após amargar o fracasso político-eleitoral na recente
Até agora Puccinelli vinha medindo as palavras sobre suas intenções. Comedido, e tático, não deixava entrever que candidatar-se ao Senado já era uma decisão tomada e amadurecida, sobretudo após amargar o fracasso político-eleitoral na recente
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O governador André Puccinelli (PMDB) já pôs os pés no palanque de 2014. Não é surpresa alguma desde que, no ano passado, seu candidato à prefeitura de Campo Grande, Edson Giroto, perdeu a disputa contra Alcides Bernal (PP) e os adversários tomaram no voto o segundo mais poderoso bastião do peemedebismo em Mato Grosso do Sul. Afinal, a prefeitura de uma cidade que ronda a casa do primeiro milhão de habitantes e abriga o maior colégio eleitoral do Estado havia passado mais de 20 anos sob a hegemonia total e absoluta do partido que agora tem necessidade extrema de recuperar-se do baque violento de 2012 e correr o trecho para não perder o bastião maior, o governo.
Até agora Puccinelli vinha medindo as palavras sobre suas intenções. Comedido, e tático, não deixava entrever que candidatar-se ao Senado já era uma decisão tomada e amadurecida, sobretudo após amargar o fracasso político-eleitoral na recente sucessão campograndense. Para bem compreender o que está acontecendo, não é necessário ser doutor em política ou comportamento.
Puccinelli arriscou ao botar todas suas fichas em Giroto. Mas era um risco calculado. Acreditava na vitória, mas não fechava seus olhos para a derrota, que foi tornando-se iminente à medida que o desenho do segundo turno deixava exposta a incapacidade do candidato peemedebista de crescer mais do que já havia crescido no primeiro turno, com o lastro poderoso das duas super-máquinas (Prefeitura e Governo) e o apoio do maior bloco de partidos já formado em torno de uma candidatura numa das disputas mais pulverizadas da história local.
Além da derrota que provocou sérios estragos na instituição partidária, o próprio governador e também o ex-prefeito Nelsinho Trad sofreram abalos consideráveis na estatura de líderes provados e consolidados. Para Nelsinho o golpe foi mais severo. Perdeu a caneta mágica da Prefeitura da Capital e seria condenado a um sereno de dois anos, não fosse a providencial consideração de Puccinelli. Independentemente do tipo, da qualidade e da amplitude do espaço com que iria contemplá-lo, Puccinelli sabia ser necessário prestigiar um aliado importantíssimo e estratégico para o processo de recuperação do PMDB, mesmo sem a certeza de ter Nelsinho Trad como melhor solução para o projeto sucessório estadual.
Ao acomodar Nelsinho, criando para ele uma função capaz de abrir caminho ao projeto de disputar o governo, Puccinelli não deixou de ressalvar que a vice-governadora Simope Tebet disputaria politicamente com o ex-prefeito a indicação para candidatar-se ao Governo pelo PMDB. Estava, assim, criando também seu próprio curso para, se necessário, concorrer ao Senado, tanto como desejo pessoal como por uma contingência de sobrevivência do partido e dos aliados. Agora, Simone já se vê despida da condição únioca de pré-candidata ao Senado. Passa a ser, também, por força do tabuleiro que Puccinelli está montando, pré-candidata ao Governo.
Nelsinho ficaria como opção para vice-governador ou uma candidatura proporcional (Assembleia Legislativa ou Câmara dos Deputados), mesmo com o congestionamento de parentes em busca de cadeiras nessas duas casas parlamentares, como os deputados federais Fábio Trad (seu irmão) e Luiz Henrique Mandetta (primo) e o estadual Marquinhos Trad (irmão).
Edson Moraes