18 de maio de 2024
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Depois de Prefeito, aliados de Olarte são principais favorecidos com "sumiço" de Ronan Feitosa

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Em 11 de abril de 2014, veio à tona uma investigação que pode resultar em um dos maiores escândalos da política sul-mato-grossense. O Grupo de Atuação Especial de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) executou naquele dia, mandados de busca e apreensão de documentos na casa do prefeito de Campo Grande Gilmar Olarte e prendeu em São Paulo, capital, o braço direito de Olarte Ronan Feitosa.

Embora Olarte negue proximidade com Ronan, em uma das escutas do Gaeco, o irmão de Feitosa pede ajuda ao secretário de governo Rodrigo Pimentel para tirá-lo da cadeia em São Paulo. Rodrigo promete ajudar. Em outra gravação, é Olarte fala com irmão de Ronan e explica que irá cuidar da família, entregando dinheiro para ex-esposa de Feitosa. Até hoje ninguém sabe onde está Ronan.

Uma escuta telefônica do Gaeco mostra conversa entre Ronan e um amigo sobre o esquema, supostamente, articulado para cassar Bernal. Ele diz que Pimentel, filho de desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul Sidnei Soncini Pimentel, está ao lado deles, e dá a entender que se houver ação judicial por parte de Bernal será barrada.

Na mesma conversa, ele antecipa como ficará a divisão da Prefeitura e conta como convenceu Olarte a nomear Fábio Castro Leandro Procurador Jurídico da Prefeitura no lugar de André Scaf, que ficou com a Secretaria de Planejamento Controle e Finanças. Fábio é filho do vice-presidente do TJMS, desembargador Paschoal Carmelo Leandro. Depois de saber da contribuição de Ronan para que Olarte pudesse assumir Prefeitura é fácil imaginar o motivo pelo qual ele está tão bem escondido, mas quem paga essa conta?

Aí entram outros “parceiros” de Olarte, Raimundo Nonato de Carvalho e Luiz Pedro Guimarães, que protocolaram na Câmara o pedido de abertura de Comissão Processante contra Bernal. Nonato além de ter o filho Enéas José de Carvalho Netto, nomeado diretor-presidente da Agência Municipal de Habitação hoje, segundo fontes, desfruta de sala especial perto do gabinete do Prefeito de onde, supostamente, despacha com empreiteiros e funcionários da Secretaria de Obras e da Central de Compras, o andamento e resultado de licitações.

Outro personagem desta trama é o atual chefe de gabinete do Prefeito, Paulo Matos, que já foi diretor da Emha, na gestão de Nelson Trad Filho (PMDB) e desde 2004 é inimigo declarado de Bernal, com quem conviveu no Partido Progressista. Matos disse, certa vez, em 2004, que iria “tratorar Bernal”. Logo que Olarte assumiu, Matos conseguiu a nomeação da esposa, Liz Derzi, como secretária municipal de políticas públicas para mulheres e deve assumir a partir de julho lugar de Pimentel na Secretaria de Governo.

Todos os favorecidos com cassação de Bernal devem ter interesse em manter Ronan em silêncio, e talvez, por isso, é possível suspeitar que esse grupo ligado a Olarte que hoje “toma conta” da Prefeitura esteja atuando para garantir que Ronan permaneça longe dos holofotes.

Recentemente, mais uma conversa de Olarte obtida pelo Gaeco veio à tona. No diálogo, Olarte pede ajuda ao amigo policial sobre Ronan e se diz preocupado, pois Feitosa, segundo ele, estaria divulgando vídeos acusando-o de pedofilia. Onde está Ronan, ninguém sabe. Se ele irá aparecer é uma dúvida, mas que a estrutura administrativa da Prefeitura pode sim estar sendo usada por Olarte, Nonato, Liz, Paulo e outros para custear o silêncio dele é uma certeza em potencial.