14 de dezembro de 2025
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GUERRA | ORIENTE MÉDIO

'Gordinho do Bolsonaro' cobra Itamaraty para reconhecer Hamas como 'terrorista'

Distribuindo fake news, fã do ex-presidente inelegível tem sustentado que a mídia estaria contra Israel

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O extremista de direita sul-mato-grossense, o deputado Rodolfo Nogueira (PL), conhecido como 'Gordinho do Bolsonaro', cobrou em documento encaminhado ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que o Itamaraty e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reconheça o Hamas, como “organização terrorista”.Nogueira reuniu a assinatura de 61 deputados, 42 do PL, partido do ex-mandatário inelegível Jair Bolsonaro (PL). Há ainda uma assinatura do Podemos e uma do Novo. Os outros 17 signatários são de partidos que têm ministérios na Esplanada: PP: 6; União Brasil: 4; Republicanos: 3; MDB: 2, e PSD: 2. Os 5 partidos somam 12 ministérios da gestão petista.  

Entre os deputados que assinam o documento está o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), e o deputado Messias Donato (Republicanos-ES). 

De Mato Grosso do Sul, Nogueira é o único a querer interferir nos assuntos internacionais, os demais deputados não assinaram. Eis a íntegra do documento

DELÍRIO DO EXTREMISTA DE DIREITA

Nogueira, que tem como ídolo o ex-presidente inelegível, tem sustentado em suas redes que a mídia supostamente estaria 'contra Israel'. O que, como já mostramos aqui no MS Notícias, é uma afirmação sem verdade, pois a grande mídia Ociental sempre defendeu a ocupação colonial de Israel na Palestina.

Delirando, Rodolfo Nogueira disse que 'Israel' seria há anos vítima de ataques, quando na verdade, os palestinos é que há anos sofrem um apartheid promovido pelo estado israelense, que é muito superior em seu poder bélico. "Israel sempre se defendeu dos constantes ataques terr0r1stas que vem sofrendo ao longo dos anos. A mídia sempre inventou falsas narrativas, mas a verdade uma hora chega! Não tem como esconder que a vítima sempre foi Israel e que os criminosos são esses grupos cov@rdes que se escondem atrás de indefesos (sic)", defendeu Nogueira num post reproduzindo uma fake news disparada pela extrema direita, de que o Hamas estaria decapitando bebês em Israel. Como mostramos mais cedo aqui no MS Notícias, as próprias autoridades de Israel disseram que isso não é uma verdade. Veja o post de Nogueira: 

explicamos aqui no MS Notícias que, historicamente, o Brasil adota a postura de só considerar um grupo terrorista se assim ela for considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, 3 organizações se encaixam nesse critério e são reconhecidas pelo governo brasileiro como terroristas: Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico. 

MENTIRA CLARA 

Ao contrário do que afirma Nogueira, os Palestinos são considerados vítimas de Israel, que são colonos no país. Há 76 anos, quase 2 milhões de pessoas palestinas vivem em 362 quilômetros quadrados da Faixa de Gaza. Governado desde 2006 pelo Hamas, o território densamente povoado está em grande parte isolado do resto do mundo por um bloqueio israelense à terra, ar e mar de Gaza que remonta a 2007. O Egito controla a passagem da fronteira sul de Gaza, Rafah.

Israel impôs pesadas restrições à liberdade de circulação de civis e controla a importação de bens básicos na estreita faixa costeira. Israel não permite que os palestinos que vivem em Israel votem — eles não são considerados população, não tem acesso a saúde básica, saneamento, entre outros direitos humanos sonegados. 

Em junho desse ano, a Anistia Internacional publicou sua pesquisa sobre a ofensiva de maio de 2023 contra a Faixa de Gaza, concluindo que Israel havia destruído ilegalmente casas palestinas, o que equivalia a uma forma de punição coletiva da população civil. 

Em seu relatório de fevereiro de 2022, a Anistia Internacional descreveu como as forças israelenses em Gaza (bem como na Cisjordânia e em Israel) cometeram atos proibidos pelo Estatuto de Roma e pela Convenção do Apartheid, como parte de um ataque generalizado e sistemático à população civil com o objetivo de manter um sistema de opressão e dominação sobre os palestinos, constituindo assim o crime contra a humanidade do apartheid. 

ONU ALERTA ISRAEL

Em comunicado divulgado na 3ª feira (10.out.2023), Volker Türk, Alto Comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, afirmou que o mundo está diante de uma situação “explosiva” e que todos devem “respeitar o direito humanitário internacional”. Leia a íntegra

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo Gallant, eletricidade, alimentos, combustível e água não serão fornecidos ao local.

O Alto Comissário da ONU disse que a medida “é proibida pelo direito humanitário internacional”. Türk afirmou que o cerco pode agravar “seriamente” a já “terrível situação humanitária e de direitos humanos” no local. “A imposição de cercos que ponham em perigo a vida de civis, privando-os de bens essenciais à sua sobrevivência, é proibida pelo direito humanitário internacional”, disse Türk.

Leia aqui tudo o que já falamos sobre a guerra no Oriente Médio.