O governo de São Paulo, sob gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), firmou um protocolo de intenções com a Dakila Pesquisas, de Urandir Fernandes de Oliveira.
Esta organização é amplamente conhecida pela criação da figura folclórica do "ET Bilu".
A parceria, embora posteriormente encerrada, conferiu uma importante chancela estatal ao grupo.
A informação foi originalmente reportada pelo Cartas Marcadas, do The Intercept Brasil.
O acordo foi assinado em 2024 pela Secretaria de Turismo do estado.
A pasta é comandada por Roberto de Lucena, pastor filiado ao Republicanos.
O pretexto oficial para a cooperação era a realização de estudos sobre o "Caminho de Peabiru".
Trata-se de uma antiga rota indígena que ligava os oceanos Atlântico e Pacífico.
Meses após a assinatura, o governo paulista encerrou o convênio.
A justificativa foi a "falta de entrega de resultados técnicos" por parte da Dakila.
Contudo, analistas apontam que o grupo obteve seu objetivo central: legitimidade estatal.
Ser reconhecida como parceira de um governo estadual fortalece sua imagem de instituto científico.
O apoio institucional não se limitou ao executivo paulista.
A Dakila também realizou eventos no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional.
Embora tratada como curiosidade, a organização mantém uma robusta frente empresarial.
O grupo descreve suas operações como um "ecossistema" autossustentável.
As empresas incluem a AgroDakila (agronegócio) e a Kion Cosmetics.
Também fazem parte a 067 Vinhos e a Brazilian Kimberlite Clay (extração de argila).
Além disso, opera a BDM Dourado Digital, uma espécie de banco digital.
Desde 2020, a Dakila busca expandir sua atuação para a Amazônia.
O grupo tenta obter licenças arqueológicas junto ao Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan).
O objetivo é pesquisar "Ratanabá", uma suposta cidade perdida na selva.
Esta narrativa é tratada como teoria da conspiração e não possui respaldo científico.
Os pedidos ao Iphan miravam áreas em Rondônia e no Mato Grosso.
Uma das solicitações incluía territórios associados à Terra Indígena Kayabi.
O Iphan negou e arquivou os pedidos.
Os pareceres técnicos apontaram falta de arqueólogos qualificados.
Também foi constatada a ausência de consentimento prévio das comunidades locais.
Apesar das negativas técnicas, a Dakila recebeu apoio político.
Um ofício do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) pediu "atenção" do Iphan ao pleito.
Em 2024, Barros foi eleito presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
A comunidade científica reagiu às investidas do grupo.
A Sociedade de Arqueologia Brasileira aprovou uma Moção de Repúdio contra a Dakila.
A entidade alerta para o risco da pseudociência usar a máquina pública para ganhar credibilidade.
FONTE: The Intercept Brasil.











