08 de dezembro de 2025
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IMPOSTOS & URNAS

Luta para taxar super-ricos alavanca Lula nas pesquisas

Presidente volta a liderança nas intenções de voto para 2026

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À exceção das forças de direita e do bolsonarismo, os especialistas e as forças de esquerda consideram que a recuperação de Lula nas pesquisas se deve, principalmente, à luta do presidente para fazer os super-ricos pagarem impostos. Na terça-feira, 08, a Atlas Intel publicou pesquisa mostrando que houve um crescimento nas avaliações positivas do governo e nas intenções de voto para eventual candidatura do presidente à reeleição em 2026.

O quadro político e eleitoral se desenha na polarização entre direita e esquerda. Os dois campos vêm travando renhidas batalhas congressuais e judiciais em função da proximidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já inelegível, e pelos esforços governistas para emplacar a justiça tributária e outras medidas econômicas.

POVO DESPERTANDO

O Chefe do Executivo Federal brigará para a demanda do povo se tornar realidade no etinerário brasileiro. Foto: Ricardo Stuckert / PRO Chefe do Executivo Federal brigará para a demanda do povo se tornar realidade no etinerário brasileiro. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Enfrentar o chamado “andar de cima”, cobrando impostos dos mais ricos, deu a Lula nutrientes para a recuperação nas pesquisas. O advogado e ex-deputado federal Fábio Trad deduz que o presidente está envolvido em uma luta gigantesca pela justiça tributária, para defender as classes menos favorecidas e taxar os mais ricos. E é taxativo, ao analisar as pesquisas: “O povo está despertando”.

Fábio Trad. Foto: Redes Fábio Trad. Foto: Redes 

Segundo Trad, quando o deputado federal mineiro Nikolas Ferreira (PL) publicou conteúdo distorcido sobre a fraude no INSS e o PIX, induzindo a erro milhões de brasileiros, a grande imprensa não cobrou dele moderação e verdade nos ataques que enxovalhavam o governo. “Agora, quando o povo reage contra a injustiça tributária que penaliza os pobres e protege bancos, bilionários, big techs e casas de apostas, a grande imprensa pede calma”.

O ex-deputado acrescenta que bancos e big techs patrocinam a mídia com rios de dinheiro, enquanto quem paga imposto vive sufocado. “Esta reação contra a injustiça fiscal pode virar a chave da nossa história. E isso precisa ser celebrado e estimulado por quem verdadeiramente defende a democracia em seu conceito mais autêntico”.

NA PELE

O deputado federal e presidente regional do PT, Vander Loubet, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmam estar passando da hora de rever as isenções tributárias que existem no Brasil. “Não é só na questão da tributação do IOF que Lula demonstra a sua preocupação com a crueldade de um sistema que poupa as economias de quem tem mais dinheiro e sacrifica quem tem pouco ou não tem nada. Um lado é menos de 5% da população brasileira e o outro é mais de 90%”, comparou.

Para Loubet, isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês e eliminar a carga horária abusiva dos 6 por 1 (dias de trabalho x descanso) são outras necessidades fundamentais para reduzir ao máximo as desigualdades. “A sociedade, aos poucos, vai percebendo isto, vai vendo de que lado o presidente está”, diz.

Simone Tebet e o Vander Loubet.

Para Simone, as pesquisas atestam que a população, pouco a pouco, vai tomando conhecimento mais profundo e detalhado do esforço que Lula vem fazendo para eliminar o fundo abismo das diferenças sociais. “Trata-se de uma questão de justiça e distribuição de renda. Já mexemos muito com o andar de baixo. Nunca se conseguiu mexer com o andar de cima”, situou.

“A justiça tributária é assegurar a igualdade. Não é justo que quem ganhe mais de R$ 50 mil de renda não pague pelo menos 10%. São R$ 50 mil de renda, não de propriedade, benefícios temporários ou indenização. Nada disso. Isto é justiça tributária, é garantir às pessoas igualdade de tratamento. E se isto for de esquerda, eu que nunca fui de esquerda tenho que me considerar de esquerda”, completou.

O professor e historiador Eronildo Barbosa da Silva postou em sua rede social um texto comentando a reação do presidente nas pesquisas e mirou o alvo: "Os institutos (...) indicam que Lula disparou com força e com vontade. Os dados já indicavam essa tendência; entretanto, Hugo Motta (presidente da Câmara dos Deputados) e seus cupinchas deram ótima ajuda ao boicotarem o governo e impedirem que o rico pague imposto”. A seu ver, Lula reagiu e uma parte importante da comunidade democrática foi junto.

FOTOGRAFIA ELEITORAL

Na pesquisa Atlas, Lula lidera até com margem razoável os cenários de primeiro turno, vencendo todos os possíveis adversários em simulações de segundo turno. Feita de 27 a 30 de junho com 2.621 entrevistados em todas as regiões do país, o levantamento indica ampla vantagem do petista frente a nomes da direita como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Michelle Bolsonaro, Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União), Ratinho Jr. (PSD) e Eduardo Leite (PSDB).

Lula lidera no 1º turno em todos os cenários. Nos três principais simulados para o primeiro turno, aparece como o candidato mais votado em dois. No Cenário 1, Lula lidera com 44,6%, seguido por Tarcísio de Freitas (34%). Os demais nomes ficam abaixo de 5%, incluindo Romeu Zema (4,4%), Pablo Marçal (3,7%) e Ciro Gomes (3,5%). No Cenário 2, o presidente chega a 45%, enquanto Michelle Bolsonaro soma 30,4%. Zema (7,2%), Ratinho Jr. (4,8%) e Caiado (4%) aparecem em seguida.

SEGUNDO TURNO

Lula vence com vantagem no 2º turno. A pesquisa também simulou cenários de segundo turno, sempre com Lula como candidato do campo progressista. Em todos eles, o presidente sairia vitorioso. Contra Tarcísio de Freitas: 47,6% x 46,9% (diferença de 0,7 ponto). Contra Michelle Bolsonaro: 48% x 47,5% (diferença de 0,5 ponto). Contra Romeu Zema: 48% x 38,6% (diferença de 9,4 pontos). Contra Ronaldo Caiado: 47,8% x 35,3% (diferença de 12,5 pontos). Mesmo nos casos mais apertados — contra Tarcísio e Michelle — Lula aparece na frente. A vantagem cresce de forma expressiva diante de nomes menos consolidados no cenário nacional, como Eduardo Leite, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr.