19 de abril de 2024
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EDITORIAL

Mandetta dá entrevista ao Fantástico e demonstra autonomia

Na ara política, Bolsonaro pressionado pelos radicais a demitir Mandetta, o único ministro que tem boa cotação e que causa uma certa inveja nos demais, que nada estão produzindo frente às suas secretarias

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EDITORIAL - A entrevista concedida pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) ao Fantástico, da arqui-inimiga TV Globo, na noite deste domingo (12.abril) foi vista no governo como uma nova afronta do ministro da Saúde a Jair Bolsonaro.

Em processo de fritura intensa pelo presidente, a fala de Mandetta, de que as pessoas não sabem se escutam o ministro da Saúde ou o presidente, pode ter despertado novamente a ira de Bolsonaro, que deve repercutir com ministros mais próximos e com os filhos na manhã desta segunda-feira (13.abril). 

A mando dos militares, em especial do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, Bolsonaro o ‘não’ para demitir Mandetta.

O ministro é o que segura um governo à beira do colapso de gestão. Até os mais fieis já não podem ignorar e começam a ver o derretimento da massa que acreditava no presidente.

Mandetta é visto como o esteio que sustenta boas ações de enfrentamento a pandemia, um ministro extremista no cargo de Mandetta pode causar o maior genocídio já registrado na história do pais. Que já conta com mais de 1,2 mil mortos pela Covid-19. 

Na ara política, Bolsonaro pressionado pelos radicais a demitir Mandetta, o único ministro que tem boa cotação e causa uma certa inveja nos demais que nada estão produzindo frente às suas secretarias. Muitos deles, a exemplo do ministro da Educação, Abraham Weintraub e o filho de Bolsonaro o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), fizeram foi criar tensão com o país fornecedor dos equipamentos a serem adquiridos pelo Brasil para enfrentar o vírus, não foi uma atitude nada esperta na ocasião. Mas esperteza não é forte dos filhos do presidente, bem como não é característica da grande maioria dos seus ministros. 

Em outra ponta, estão os multimilionários que ordenam que Bolsonaro reabra as portas de mercados e reative o comércio das cidadelas. Por sua vez, Bolsonaro disse que a “a culpa do fechamento é dos governadores”, a grande maiorias dos estados aderiu ao isolamento social, na tentativa de minimizar o número de mortes a serem causadas pelo vírus. 

Dentro do governo, a posição desses radicais é sustentada pelos filhos do presidente, em especial Carlos e Eduardo Bolsonaro, aliados os ministros Onyx Lorenzoni (Cidadania), Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), que são doutrinados por Olavo de Carvalho.

RESPOSTA

A entrevista ao Fantástico, gravada no Palácio das Esmeraldas, na sede do governo de Goiás, também é vista como resposta à provocação de Bolsonaro a Mandetta e ao governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM), que rompeu recentemente com o presidente, mas o acompanhou na visita à construção de um hospital de campanha em Águas Lindas, em Goiás.

Na ocasião, Bolsonaro cumprimentou pessoas e tirou a máscara, que usava inicialmente. O presidente ainda tentou abraçar Caiado, mostrando a mesma atitude que vem tendo nas ruas, o que irritou o governador demista.

O evento causou constrangimento a Mandetta, que disse a interlocutores que passará a evitar eventos com Bolsonaro a partir de agora.