26 de abril de 2024
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BOLSONARISMO

"Quem é o deputado que forjou o próprio atentado?", pergunta e responde revista

O maior lobista pró-armas de Bolsonaro só não está preso graças ao pacote que Sergio Moro chamava de anticrime

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Definindo o Deputado Federal Loester Trutis (PSL-MS), ou apenas “Tio Trutis”, como é conhecido em Mato Grosso do Sul: “O maior lobista pró-armas de Bolsonaro só não está preso graças ao pacote que Sergio Moro chamava de anticrime” –  a edição do The Intercept mostra ao Brasil quem é o político de extrema direita que agora faz auso do cargo para atacar a Polícia Federal (PF), após investigadores terem revelado que foi um “cena”, montada em fevereiro de 2020 em que Tio relatou ter sido vítima de atendado, e que de acordo com ele, só teria sobrevivo graça à arma que carregava em seu carro. 

Segundo Trutis, o suposto atentado teria ocorrido em na rodovia BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande, interior de MS, quando um motorista de uma caminhonete emparelhou com o seu carro e disparou uma rajada de tiros de carabina. Por milagre, nenhum dos tiros teria atingido o deputado e seu assessor, que dirigia o carro. O deputado, que estaria descansando no banco de trás, disse que reagiu valentemente com tiros, colocando os criminosos para correr. Orgulhoso do seu heroísmo, escreveu no Facebook ao lado de uma foto do seu carro alvejado: “Graças a Deus pude revidar e aguardar a chegada da polícia. Quem achou que eu ia parar ou me calar, digo que estamos apenas começando e sigo trabalhando”, escreveu à época o político.

Trutis contou para a Polícia Federal que suspeitava que os criminosos fossem traficantes de drogas e cigarros insatisfeitos com sua atuação parlamentar implacável contra a bandidagem. Realmente seria um ato heroico, digno de Hollywood, se não fosse só mais uma mentira escabrosa dita por um político bolsonarista. Sim, Loester Trutis forjou o atentado. Pelo menos foi isso o que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal concluíram após meses de investigação.

Nenhuma das informações fornecidas pelo deputado batiam com o que foi apurado pela PF, o que fez com que os policiais desconfiassem da história. O GPS do carro indicava localizações completamente diferentes das relatadas por Trutis. Ele também informou o modelo e o final da placa da caminhonete, mas as câmeras de segurança da rodovia não registraram a passagem do veículo. Com os dados fornecidos, a polícia encontrou a única caminhonete que batia com a descrição: era de propriedade de um fazendeiro de 71 anos, velha, com problemas mecânicos que a tornavam inútil para uma perseguição em alta velocidade numa rodovia. Com aquela inteligência própria dos reacionários, Trutis deu detalhes das armas dos atiradores: “CTT, calibre .40, […] não se tratava de um fuzil, pois o carregador era retilíneo e não curvo”. Mas a perícia indicou que os tiros partiram de uma Glock 9mm de um atirador que estava em pé e parado. O modelo da arma é o mesmo de uma que o deputado gostava de exibir nas redes sociais. O exibicionismo bélico, esse fetiche do bolsonarismo, fez os investigadores ficarem ainda mais desconfiados.

Mas qual seria a motivação de Trutis em simular um atentado? A PF e o MPF concluíram que ele queria faturar politicamente em cima do caso.  

VEJA AQUI A REPORTAGEM COMPLETA NO THE INTERCEPT.