16 de maio de 2024
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DESVIO | DINHEIRO PÚBLICO

Ricardo Barros, líder de Jair na Câmara, volta a ser tema nos depoimentos da CPI

Corrupção envolve criação de "fiador" sem registro com Banco Central e paraíso fiscal em Singapura

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Nos próximos dias, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve mais três pessoas que fazem parte da teia de (suposta) corrupção envolvendo compra de vacinas, que se ligam a dois principais nomes: ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas) e, consequentemente, ao chefe do executivo, Jair Bolsonaro

Segundo informações da agenda, da Agência Senado, A CPI da Pandemia ouve hoje (24.ago.2021) um dos sócios da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, sobre a tentativa de venda da vacina chinesa Convidecia ao valor de R$ 5 bilhões. 

Na 4ª feira (25.ago.2021), prestará depoimento o diretor do FIB Bank, Roberto Ramos Júnior, que "afiançou" o contrato de R$ 1,6 bilhão da Precisa Medicamentos. De acordo com a AS, o senador autor do pedido, Tasso Jereissati (PSDB-CE), destaca que a instituição não tem registro no Banco Central. 

Já na 5ª feira (26.ago.2021), na cadeira da CPI estará o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho, que é investigado pela compra superfaturada de testes rápidos de covid-19.

DESDOBRAMENTOS

Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, foi o último depoimento da CPI (19.ago.2021) e terminou tenso, já que ele "escapou" por quatro vezes da Comissão e, quando finalmente sentou-se na cadeira, trouxe um silêncio que testou a paciência dos senadores. 

Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foi um dos últimos senadores a tratar com Maximiano, e quem afirmou que o dono da Precisa é parte de um esquema de empresas, ressaltando evidentes “indícios de corrupção e lavagem de dinheiro”, e que o depoente mentiu à comissão. 

“O que exige tomada de providência é que o depoente claramente mentiu”, afirmou o Alessandro, que sugeriu então à presidência da comissão que decretasse a prisão de Maximiano, como apontou a Rede Brasil Atual em resumo da oitiva. 

Vieira trouxe à luz da CPI o contrato de locação de um imóvel no Campo Belo (zona sul da cidade de São Paulo), do qual Maximiano disse ser apenas fiador, mas do qual era o locatário. E também que quem frequentava o imóvel seria o empresário Marcos Tolentino, que é ligado ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). 

Exposto, Max então tomou o microfone e buscou se retratar, para evitar assim sua prisão. “Eu formalmente me retrato e peço desculpas, pois realmente consto como locatário no contrato deste imóvel. Não me recordava, pois não vivi lá”, argumentou o depoente.

"Max", como é conhecido nos bastidores da política, também tem a fama de abrir e fechar empresas para passar golpes no Ministério da Saúde, como destacou a senadora Simone Tebet (MDB-MS). "Vossa senhoria tem o costume de fechar empresas e abrir outras para dar de ‘credibilidade’, quando a primeira ou a outra já foi declarada inedônea". 

No caso da Covaxin ao qual está envolvido, a vacina - além de superfaturada - era inexistente, sendo que a Precisa sequer tinha contrato com laboratório. Em seu plano, quando o negócio fosse fechado, o dinheiro público brasileiro iria parar em Singapura, um paraíso fiscal, e a população sem vacina. 

Como questionou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, em busca de encontrar os demais envolvidos no esquema "aqueles 45 milhões de dólares, que iriam ser depositados em Singapura, ele seria dividido por quem e quanto caberia a cada um?". 

Diante da negativa de silêncio do depoente, prontamente Aziz confirmou: "então seria distribuído". 

"Queria só saber, porque - se não fosse, o senhor iria dizer que não, não seria distribuído. O senhor está afirmando, com sua negativa, que esse dinheiro seria distribuído de uma forma que a gente não sabe para quem e por quem, mas que ele sabe e que por isso está ficando em silêncio", comentou ao relator, Renan Calheiros (MDB). 

** (Com informações da Agência Senado e Rede Brasil Atual)