26 de julho de 2024
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ATAQUE | CAPITAL PAULISTA

Aluno mata professora, esfaqueia outras três e colegas de escola (vídeos)

Suspeito tem 13 anos e pertencia a turma do 8º ano

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A professora de ciência Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, foi assassinada na manhã desta 2ª.feira (27.mar.23), por um aluno na escola Thomazia Montoro, na Rua Adolfo Melo Júnior, na Vila Sônia, em São Paulo (SP). O autor, de 13 anos, também esfaqueou outras 3 professoras e dois colegas da turma do 8ª ano. A reportagem é da Folha de S. Paulo

As vítimas foram socorridas e levadas para hospitais da região. As professoras feridas são Jane Gasperini, Rita de Cássia Reis e Ana Célia Rosa.

Em entrevista a jornalistas, o secretário de Educação, Renato Feder, e o secretário de Segurança Pública, capitão Guilherme Derrite, disseram que o estado de saúde das professoras é estável. Um dos alunos também está estável e o outro, em estado de choque.

O ATAQUE

O suspeito usava uma máscara de caveira no momento do ataque, conforme mostram imagens do circuito de segurança da escola. O vídeo, ao qual a reportagem da Folha de São Paulo teve acesso, mostra o adolescente entrando correndo em uma sala de aula e partindo para cima de uma professora, que estava de costas, em pé. 

A docente, que não percebeu a aproximação do agressor, foi atingida violentamente por diversos golpes nas costas e caiu no chão.

Alunos entram em desespero e tentam sair da sala. Nesse momento, o agressor passou a tentar golpear os colegas e atingiu alguns deles. Eis o vídeo: 

Um segundo vídeo mostra o adolescente atingindo outra professora. Ele desferiu vários golpes na mulher, que está em pé e tentou se proteger com os braços.

A docente caiu no chão e continuou recebendo golpes. Depois, ela foi arrastada pelo agressor. Duas mulheres entraram na sala e uma delas conseguiu imobilizar o adolescente, enquanto a outra retirou a faca das mãos dele. Eis o vídeo: 

"Ela imobilizou o agressor, fez com que a arma branca fosse retirada dele. Se não fosse essa ação, a tragédia teria sido maior", comentou o Capitão Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, sobre professora que conteve o adolescente. 

"Nosso foco [agora] é dar assistências às vítimas e famílias que passaram por isso. Uma linha de investigação vai ser realizada para entendermos quais os motivos que levaram esse aluno a fazer esse atentado", acrescentou Derrite.  

Para o secretário de Segurança, a professora realizou um ato heroico. "Conseguimos uma heroína hoje, a professora Cíntia. Não tivemos nenhuma criança com ferimentos graves. Toda a escola está muito triste, difícil saber o que aconteceu e as motivações", opinou.  

Ainda segundo Feder, a escola era atendida por uma ronda escolar, que agiu rapidamente e apreendeu o aluno. O agressor foi transferido para a escola no dia 15 de março.

"Nesse período de permanência, a diretora não recebeu nenhum aviso e nem [teve] ciência de nada que chamasse atenção. A escola foi pega desprevenida. A polícia vem fazendo bom trabalho próximo a escola", considerou Feder.

O secretário disse que as aulas estão suspensas nesta 3ª. O governo vai decretar três dias de luto no estado pela morte da professora Elizabeth Tenreiro. "Vamos conversar com os professores para ver, talvez, alguma reabertura gradual", explicou.  

Um aluno da escola disse à reportagem que testemunhou na semana passada uma briga entre o suspeito e outro estudante, que tiveram que ser separados por um professor. Ele disse também que saiu correndo da escola quando viu o ataque e acabou torcendo o pé.

Segundo relato desse aluno, o adolescente agressor chegou normalmente para a aula nesta segunda, colocou a máscara com estampa de caveira e partiu para cima da professora.

 

A mãe desse aluno disse que episódios de violência são comuns na escola. A unidade é menor do que costumam ser as escolas da rede estadual — atende apenas cerca de 280 alunos do 6º ao 9º ano e conta com 15 professores.

Bastante abalado, o aluno falou sobre a professora Elizabeth. Disse que gostava das aulas dela, que ela era uma boa professora, carinhosa, que permitia que eles propusessem projetos e atividades.

O Corpo de Bombeiros está no local prestando atendimento às vítimas. O helicóptero Águia da PM está de prontidão no local caso seja necessário. Ambulâncias do Samu também atendem a ocorrência.

Ainda de acordo com a PM, as informações sobre a ocorrência ainda estão sendo apuradas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lamentou o episódio em suas redes sociais. "Não tenho palavras para expressar a minha tristeza com a notícia do ataque a alunos e professores da escola estadual Thomazia Montoro. O adolescente de 13 anos já foi apreendido, e nossos esforços estão concentrados em socorrer os feridos e acolher os familiares", escreveu.

'VIOLÊNCIA EXPÕE ABANDONO DAS ESCOLAS', DIZ APEOESP

Em nota, a Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) lamentou o ataque e afirmou que há anos cobra medidas do governo do estado para a redução da violência no ambiente escolar.

"Mais um caso lamentável e chocante de violência em escola estadual expõe o descaso e o abandono do Estado em relação às unidades da rede estadual de ensino de São Paulo", diz trecho da nota, assinada pela professora Bebel, presidente da Apeoesp.

"Faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar para a conscientização sobre o problema e a busca de soluções."

OUTROS CASOS

Outros casos de violência dentro do ambiente escolar marcaram o país nos últimos anos.

Em 13 de março de 2019, dois ex-alunos invadiram a escola Raul Brasil, em Suzano, e mataram oito pessoas. Também naquele ano, em setembro, um estudante de 14 anos esfaqueou um professor nas dependências do Centro Educacional Unificado (CEU) Aricanduva, na zona leste. O ataque causou pânico e correria entre alunos e professores.