05 de dezembro de 2025
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OPERAÇÃO CARBONO OCULTO

Em 4 anos, PCC lavou R$ 52 bilhões em combustíveis, revela operação

GAECO, PF e RF deflagram maior ação contra o crime organizado da história do País

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A Operação Carbono Oculto deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de São Paulo, com apoio da Polícia FederalReceita Federal nesta 5ª feira (28.ago.25), mira desmantelar a atuação do Primeiro Comando Capital (PCC) no setor de combustíveis.

"Trata-se da maior operação contra o crime organizado da história do País em termos de cooperação institucional e amplitude", disse a Receita em nota (a íntegra). 

A força-tarefa com 1,4 mil agentes cumpre 315 mandados em oito estados, incluindo MS, onde mira empresas em Dourados e Iguatemi – sendo 1 posto na primeira e 7 na segunda.

A estimativa é que o grupo tenha movimentado R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

As investigações apontam adulterações, fraudes fiscais e uso de violência contra empresários do ramo.

O esquema tem ramificações em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

No estado vizinho, estão no alvo dos federais postos de combustíveis nas seguintes cidades:

  • MT - Diamantino: 1 alvo;

  • MT - Feliz Natal: 1 alvo;

  • MT - Primavera do Leste: 1; e,

  • MT - Rondonópolis: 2. 

Coordenada pelo Ministério Público de São Paulo, a operação conta com apoio de várias instituições, além dos federais.  Confira os alvos por cidade:

COMO FUNCIONA O ESQUEMA? 

Segundo os investigadores, o grupo é responsável por fraudes em diversas etapas da cadeia de combustíveis.

Uma das principais frentes do esquema era a importação irregular de metanol.

O produto chegava pelo Porto de Paranaguá e era desviado com documentação falsa.

O metanol, tóxico e inflamável, era usado para adulterar combustíveis vendidos ao consumidor final.

Cerca de 300 postos foram identificados com fraudes quantitativas e qualitativas nos combustíveis.

A polícia alega que os donos de postos foram ameaçados de morte após negociações com membros do grupo.

A rede criminosa usava pessoas interpostas, empresas de fachada e fundos para ocultar os lucros.

Fintechs controladas pela organização movimentavam recursos com contabilidade paralela.

Essas empresas recebiam milhões em espécie e operavam fora dos padrões regulatórios do setor.

Entre 2022 e 2023, foram registrados mais de 10,9 mil depósitos em dinheiro vivo, somando R$ 61 milhões.

Os criminosos se aproveitavam de lacunas na legislação para evitar o rastreamento dos recursos.

A Receita Federal disse que já identificou a importação de R$ 10 bilhões em combustíveis com sonegação associada.

Distribuidoras e formuladoras ligadas ao grupo recolhiam tributos abaixo do devido ou sequer pagavam impostos.

Veja como o esquema 'seguia funcionando', nos gráficos abaixo: 

SALDOS DA OPERAÇÃO

Mais de mil postos foram autuados, e os créditos tributários já somam R$ 8,67 bilhões.

Outros 140 postos, mesmo sem atividades, receberam R$ 2 bilhões em notas fiscais simuladas.

A operação também detectou a criação de fundos de investimento para lavar o dinheiro ilícito.

Ao menos 40 fundos controlados pela organização têm patrimônio de R$ 30 bilhões.

Entre os ativos estão usinas de álcool, portos, caminhões e dezenas de imóveis de alto valor.

Esses fundos ocultavam a origem dos recursos e dificultavam o rastreamento pelas autoridades.

Os responsáveis pelos fundos são investigados por possível conivência e omissão de informações fiscais.

A Justiça já determinou o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos.

A operação segue em andamento com apoio de órgãos federais e estaduais em todo o país.

NOME DA OPERAÇÃO

O nome “Carbono Oculto” foi escolhido para traduzir de maneira metafórica a ideia de dinheiro escondido dentro da cadeia do combustível, em alusão tanto ao elemento químico presente na gasolina/diesel quanto ao ato de esconder recursos ilícitos nas instituições de pagamento e nos fundos de investimentos.