26 de abril de 2024
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CASO ITAIPU

Empresa ligada a Bolsonaro negociou acordo ilegal com vice-presidente paraguaio

Planejavam comprar energia de empresa brasileira e revender mais cara para os próprios brasileiros

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Cruzamentos de mensagens e chamadas telefônicas mostram que o vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez, de fato participou na negociação do acordo secreto de Itaipu com a empresa brasileira Léros Comercializadora, ligada ao clã Bolsonaro. Velázquez teria combinado com o advogado Joselo Rodríguez, pivô paraguaio no acordo ilegal, para comparecer à reunião com a Léros em seu lugar. Informação é do jornal ABC Color, divulgada nesta segunda-feira (19).

Era Hugo Velásquez quem participaria da tal reunião em 9 de maio deste ano com o executivos da Léros e a estatal Ande, na Cidade do Leste. Porém a reunião foi adiada para o dia 10 de maio, e isso impossibilitaria a participação de Hugo Velásquez. Ligações divulgadas pelo ABC Color revelam que o vice-presidente ligou para o ex-diretor da Ande, Pedro Ferreira e disse que não poderia estar presente porquê o Presidente paraguaio estaria e evento com Jair Bolsonaro em Foz do Iguaçu. A regra detalha que vice e presidente “não podem deixar o poder” ao mesmo tempo.

Na noite do dia do comunicado o delegado Joselo Rodriguéz avisou ao ex-diretor da Ande, que ele participaria de reunião junto a delegação brasileira no dia seguinte, às 8h da manhã. Aqui nasce a suspeita, pois a Léros disse que seu Joselo Rodrígues era um de seus enviados à reunião, o que deixa brecha ao entender de que o advogado foi enviado ao encontro a mando do vice-presidente paraguaio. 

 “Boa noite, senhor presidente Pedro Ferreira. Mil desculpas pelo horário, acabei de desembarcar na Cidade do Leste. Eu sou o Dr. José Rodríguez, assessor jurídico da Vice-Presidência, estou escrevendo em nome do Vice-Presidente da República, Hugo Velázquez. Eu acompanharei a delegação brasileira amanhã para a reunião marcada para às 8:00. Qualquer dúvida, este é o meu número de telefone. Estou à sua inteira disposição pelo que considero importante”, dizia a mensagem de Rodriguéz.

Cruzamento de ligações entre o vice-presidente Paraguaio e o ex-diretor da Ande. Foto: ABC Color  

Nas reuniões que se sucederam, a empresa Léros propôs uma oferta ilegal de compra de energia para a Administração Nacional de Eletricidade (Ande), estatal paraguaia que negocia os excedentes da Usina de Itaipu. Os planos eram revender essa energia mais caro no Brasil e dividir o lucro com a estatal. De acordo com o Itamaraty, o trâmite é ilegal e o acordo foi desfeito.

Fonte: ABC Color.