26 de abril de 2024
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Por Campo Grande

Marquinhos e Rocha lideram relação renovada entre os poderes

Câmara e Prefeitura sepultam passado de desencontros e buscam agenda comum para recuperar o Município

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Quando reabrir suas portas para a sessão inaugural desta legislatura, em fevereiro, a Câmara Municipal de Campo Grande estará instalando um ciclo que se desenha promissor no que diz respeito à expectativa comunitária de desenvolvimento social e econômico, com um renovado contexto político.

A causa da renovação é simples: ao contrário dos últimos quatro anos, não se anuncia qualquer tempestade como a que traumatizou a engrenagem dos poderes e paralisou o crescimento da cidade, tudo isso por conta da acidentada relação entre Legislativo e Executivo - leia-se: intransigência e individualismo do prefeito do período 2013-16, Alcides Bernal (PP).

Agora, o processo de convivência entre os poderes centrais da respiração política da capital é liderado por dois dirigentes que, sem perder a essência constitucional da autonomia inerente a cada instituição, reconhecem a possibilidade e a necessidade da articulação republicana: o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e o presidente da Câmara, vereador João Rocha (PSDB).

Sobre seus ombros, a dobrada e desafiadora responsabilidade de resgatar, com a recuperação e o crescimento de Campo Grande, a credibilidade política e dos próprios políticos, duramente alvejada ao longo das tormentas produzidas, sobretudo, pelo desdém com que os vereadores foram tratados pelo prefeito de plantão na época.

Marquinhos estréia como executivo, mas tem o andar calejado da experiência legislativa. Foi vereador e deputado estadual em quatro legislaturas consecutivas, em todas sempre entre os mais votados. Da mesma forma, mesmo sem nunca ter sido prefeito, Rocha se assemelha ao perfil propositivo e de resultados que marcou a atuação de Marquinhos. De diferença entre eles apenas a episódica conflagração eleitoral passada, quando estiveram em trincheiras opostas, sem que isso afetasse a expectativa de somar esforços em favor do coletivo.

De parte a parte há maipusculo comprometimento com a parceria institucional e até política, sem prejuízo da autonomia de cada poder. Em vez de portas fechadas ou chá de cadeira até para os aliados - como fez Bernal com a bancada de apoio, inclusive o seu próprio líder, Alex do PT -, Marquinhos se põe disponível a Rocha e ganha a recíproca no mesmo tom. Esse é o comportamento visceral para garantir a aprovação de medidas de interesse do Município, inclusas as demandas dos próprios vereadores em defesa das legítimas reivindicações de seus representados.

Impossível governar bem dando as costas ao Legislativo.

Impossível legislar bem com o humor ferido e a pena ressentida com o Executivo. Foi nessa arrastada pendenga que a capital de Mato Grosso do Sul saiu do círculo seleto das mais belas do país para a mais esburacada. Pior: a crise política desaguou no abismo administrativo e ético, o que fez a cidade perder recursos, sacrificar projetos e ver-se detonada em questões elementares como a iluminação publica, a merenda escolar, a reprovação no aproveitamento do aprendizado da rede publica (Índice Ideb)  e ausência de medicamentos da farmácia básica.

Com o cenário arejado depois da eleição e da posse de Marquinhos e Rocha, a crença que se generaliza é de que será possível um salto de qualidade no tempo de restauração gerencial e na galeria de resultados positivos que tanta falta andam fazendo.