26 de abril de 2024
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População é "ventríloquo" de Bolsonaro para vencer eleição de 2022

Pesquisa revela intenções de votos e manobra Bolsonarista para possível vitória

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O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) ficam atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como alternativa de esquerda para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro ou seu ministro Sergio Moro em uma eventual disputa presidencial em 2022.

O pedetista não consegue passar de 11% em cenários de primeiro turno, votação próxima à que obteve em 2018 e que não foi suficiente para leva-lo ao segundo turno. Já Haddad até consegue número parecido ao de Lula quando a disputa é com Bolsonaro, mas perderia para Luciano Huck e Moro.

Luciano Huck é opção mais clara de renovação no cenário. O poderoso apresentador do programa Calderão do Huck da TV Globo.  Pesquisa exclusiva VEJA/FSB mostra também que atual presidente perderia para Sergio Moro e ganharia por pouco de Luciano Huck num hipotético segundo turno

Como Tom Jobim, Brasil não é coisa para principiantes. O processo de coleta das informações do documento foi realizado entre dias 11 e 14 desse mês.

No levantamento haveria um segundo turno, dada a situação do governo de Jair Bolsonaro, o eleitorado brasileiro já busca outro nome que substitua Bolsonaro, já que segundo as pesquisas mais recentes divulgada pela mídia, Bolsonaro é o presidente mais mal avaliado desde o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Bolsonaro e Moro: o ministro é o único que ganharia do presidente em um eventual segundo turno. Foto: Eraldo Peres/AP.  

Apesar de preso, segundo a pesquisa da Veja, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se revogada sua condenação, seria o gigante da esquerda à disputa com Bolsonaro. Em um segundo turno, segundo a pesquisa, Bolsonaro venceria Lula, com 46% dos votos, margem de erro de dois pontos percentuais. 

Lula aparece a frente de Fernando Had­dad, batido por Bolsonaro na última eleição, em 2022 perderia novamente por 47% a 34%.

Ciro Gomes (PDT) não chegaria ao segundo turno, de acordo com a pesquisa da Veja. Lula aparece resistente, conforme especialista, pois em seu tempo no poder havia prosperidade no país, o que é lembrado pelo eleitorado. “O primeiro governo dele foi muito virtuoso. Manteve políticas de FHC e foi capaz de oferecer duas coisas que o brasileiro médio deseja: estabilidade macroeconômica e inclusão social. A resiliência de Lula vem dessa imagem que o eleitor tem dele”, avaliou o cientista político Carlos Pereira, professor da FGV-RJ, em entrevista a Veja.

O impedimento pela Lei da Ficha Limpa está em um caminho a ser percorrido por Lula.  Essa trilha parece bem menos difícil de percorrer hoje do que há alguns meses. No dia (17), o Supremo Tribunal Federal voltou a se debruçar sobre a questão da prisão após condenação em segunda instância no país. Permitida desde 2016, em meio ao clamor da sociedade pelo endurecimento contra os crimes de colarinho-branco, a medida deve cair, já que o entendimento de alguns ministros sobre o tema mudou.

O recuo tiraria Lula de trás das grades, uma vez que seu processo ainda não transitou em julgado, mas não seria suficiente para sua pretensão política, porque ele ainda ficaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa, que veta a candidatura de condenado em duas instâncias.

Pelo mesmo motivo, Lula recusa-se a aceitar a progressão ao regime semiaberto a que tem direito desde setembro por ter cumprido um sexto da pena e ter tido bom comportamento. A mudança de status permitiria a ele sair da cadeia para trabalhar ou até ir para prisão domiciliar, mas sem poder disputar eleições, pois continuaria ficha-suja. O ex-­presidente mantém a cantilena de que só sairá da cadeia se tiver sua inocência reconhecida — para ele, aceitar a medida paliativa seria concordar com a condenação imposta pelo ex-juiz Sergio Moro e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Segundo entendidos do mundo político, Lula espera o desdobramento do recurso que pede suspeição de Sérgio Moro com base nas várias alegações, desde a condução de Lula em 2016 a cadeia para depor, sem nem mesmo ele ter sido intimado, até a aceitação de moro ao cargo de ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e também por ter auxiliado de forma ilegal o Ministério Público Federal na acusação, como revelaram áudios divulgados pelo The Intercept Brasil, em que áudios atribuídos à Moro e procurador de Justiça Deltan Dallangol, revelam esquema de “caça às bruxas” tendo como alvo predileto o Partidos dos Trabalhadores e Lula.    

A questão será decidida pela Segunda Turma do STF, que tem cinco ministros. Dois votaram contra a pretensão do petista — Edson Fachin e Cármen Lúcia. Gilmar Mendes, que pediu vistas e prometeu devolver o processo à pauta até novembro, e Ricardo Lewandowski são votos certos a favor de Lula, o que jogaria a decisão nas mãos do ministro Celso de Mello, que já colocou Moro sob suspeição uma vez.

Em 2013, ao julgar um habeas-corpus apresentado pelo doleiro Rubens Catenacci, condenado no caso Banestado, Mello entendeu que o então titular da 2ª Vara Criminal de Curitiba havia extrapolado suas funções ao monitorar os advogados do réu, inclusive com interceptação telefônica, e ajudar o trabalho da acusação — as duas reclamações são feitas também pela defesa de Lula no atual processo. Se prevalecer a tese de suspeição, o julgamento que deixou o petista inelegível será anulado. Nesse caso, ele deixará de ser ficha-suja e poderá se candidatar nas eleições.

Desse modo, Bolsonaro terá que mudar o estilo de governo, que perde cada vez mais apoiadores o amargará derrota prematura, já que para concorrer precisaria de uma legenda e vê o seu ex-PSL  o dando “tchau” após ter tramado esquema para colocar seu filho como líder do partido e ter sofrido derrota nessa corrida.  Queimadas na Amazônia, o desgaste internacional, o barraco sem fim no PSL, as polêmicas que envolvem seus filhos e as acusações do uso de candidatas-laranja pela legenda, tudo isso dificulta a vida do presidente e uma possível reeleição.

Se Lula conseguir sair para concorrência presidencial, o cenário pode até facilitar a vida de Bolsonaro, que pode repetir o discurso vitorioso que o levou ao poder: evocar o fantasma da vitória contra o PT.

O analista político, Rafael Cortez, disse à Veja que não há dúvida de que Bolsonaro tem como principal finte de capital político o combate à esquerda.      O melhor cenário para ele seria enfrentar o PT, mas não necessariamente Lula, que representa um risco muito maior que Haddad”, afirmou Cortez.

De acordo com avaliação a população é usada por Bolsonaro como um ventríloquo, ele mexe os pauzinhos anunciando a “ameaça esquerda”, e a população acreditando tratar-se de verdade, reage ao seu movimento.   

*VEJA - José Benedito da Silva.