19 de abril de 2024
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Tóxico em cerveja causou morte e alerta para 'doença misteriosa'

Laudo pericial aponta para cerveja fabricada pela empresa mineira Backer

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A causa da morte de Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos, que morreu após ter sintomas de uma doença classificada como misteriosa, pode ter sido desvendada. O caso de Paschoal ganhou o noticiário nessa quinta-feira (9), mas a morte aconteceu no dia (7), e o consumo de uma cerveja edição limitada chamada Belorizontina, que de acordo com laudo pericial continha o tóxico, aconteceu uma semana antes do Natal de 2019.

Na quarta-feira (8) o MS Notícias reportou a morte e também falou sobre o genro de Paschoal estar como os mesmos sintomas. De acordo com a Polícia Civil mineira, a substância que levou a vítima a morte se chama dietilenoglicol, considerada altamente tóxica, que foi encontrada nas duas garrafas de cerveja consumidas por Pascoal e o genro. A empresa que produz a cerveja da marca “Belorizontina” se chama Backer, de Minas Gerais. A empresa Backer se pronunciou pelas redes sociais, dizendo que não há problemas com a bebida e que as notícias eram mentirosas.

No entanto o laudo da polícia mineira concluiu: “Informo que nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do Município de Belo Horizonte (cerveja pilsen marca “Belorizontina” lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que estas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança da vigilância sanitária municipal n. 0024413 e 0021769, respectivamente”, diz o laudo.

Agora, após o laudo, a cervejaria disse que deve recolher a Belorizontina de seus lotes do mercado por precaução.

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Cerveja Belorizontina, da Backer, onde foi encontrada substância tóxica. Foto: Reprodução/Web. 

A substância dietilenoglicol é usada em serpentinas no processo de refrigeração de cervejas.  De acordo com a polícia, o tóxico tem cor clara, viscosa, não tem cheiro e tem um gosto adocicado. É um anticongelante de uso bastante comum na indústria, principalmente na automotiva e de cosméticos.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a substância é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática, justamente os sintomas diagnosticados nos pacientes internados em Belo Horizonte.

Segundo Carlo Lapolli, da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), o uso do dietilenoglicol é muito raro em cervejarias. “Normalmente, as cervejarias usam álcool puro, sem nenhum tipo de conservante ou agente químico, misturado com água, numa proporção de 30%, para refrigeração dos tanques”, explicou ele ao G1.

A refrigeração dos tanques de cerveja é feita por meio de um circuito fechado. O álcool com água gelada vai passando por tubos chamados de “serpentina” ao redor do tanque de cerveja.

Segundo a Abracerva, a substância mais utilizada na produção de cerveja é o propilenoglicol, que pode ser consumido por seres humanos.