05 de dezembro de 2025
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VIKING DO CAPITÓLIO

Brasil dá aula de democracia ao julgar Bolsonaro, diz jornal britânico

The Economist elogia atuação da Justiça brasileira contra ex-presidente, um golpista fracassado

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O ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro ganhou destaque internacional nesta semana — mas não exatamente como gostaria. Na capa da influente revista britânica The Economist, ele aparece caracterizado como um “viking do Capitólio”, numa comparação direta com os extremistas que invadiram o Congresso dos Estados Unidos em 2021. O motivo: seu julgamento por tentativa de golpe de Estado, marcado para 2 de setembro.

A publicação não economiza nas palavras. “O Brasil oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária”, diz o texto, numa crítica contundente à onda populista global encabeçada pelos EUA. O contraste é evidente: enquanto o Brasil julga quem tentou subverter a democracia, os EUA ainda enfrentam impasses sobre como lidar com Donald Trump e seus aliados.

  • Título da revista britânica The Economist: "Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática".

A revista afirma que o golpe tentado por Bolsonaro e seus apoiadores "fracassou por incompetência, não por falta de intenção", e define o julgamento como um divisor de águas: um teste de resiliência institucional para um país que já foi alvo de desconfiança internacional, mas que agora dá sinais de maturidade democrática.

“O Brasil se torna um caso de teste para a recuperação de países de uma febre populista”, analisa a The Economist, ao lado de países como Estados Unidos, Polônia e Reino Unido.

Bolsonaro está atualmente em prisão domiciliar, alvo de investigações sobre uma trama golpista que envolveu militares, ex-ministros e aliados próximos. O Supremo Tribunal Federal deve julgar os envolvidos nas próximas semanas, num momento em que o mundo observa de perto como o Brasil responde ao maior ataque à sua democracia desde o fim da ditadura militar.

Em contraste com o Brasil, a reportagem aponta que os EUA, sob influência contínua do trumpismo, caminham para trás. Entre as ações citadas estão medidas protecionistas, interferências políticas e tentativas de deslegitimar instituições. A comparação é direta: enquanto os Estados Unidos enfrentam um processo de erosão institucional, o Brasil reforça o papel da Justiça e das regras democráticas.

“Ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas”, escreve a revista.

Na avaliação da The Economist, “pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental se deslocou para o sul”. A frase sintetiza o ineditismo do momento: o Brasil, frequentemente apontado como exemplo de instabilidade, agora ocupa o papel de referência institucional para democracias em crise.

Com isso, o ex-presidente Bolsonaro se torna símbolo não apenas de um projeto político frustrado, mas de uma lição global sobre os limites da radicalização e a força das instituições quando estas resistem ao populismo autoritário.