19 de julho de 2025
Campo Grande 24ºC

ARAPONGAGEM FAMILIAR

PF aponta Bolsonaro e filho '03' como chefes da Abin paralela

O relatório, de 1.125 páginas, detalha a atuação de 36 indiciados, divididos em seis núcleos, sendo Bolsonaro e Carlos classificados no núcleo político do esquema

A- A+

A Polícia Federal atribuiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o comando de uma organização criminosa que usou a Abin para espionagem política e ataques ao sistema eleitoral.

No relatório final entregue ao Supremo Tribunal Federal, a PF diz que pai e filho definiram os alvos e diretrizes das ações clandestinas, voltadas à proteção do núcleo familiar e interesses políticos.

Segundo os investigadores, Bolsonaro era o "centro decisório" e principal beneficiário das ações ilegais. Apesar disso, não foi indiciado por já responder por organização criminosa em outro processo.

Carlos Bolsonaro, por sua vez, é apontado como o "idealizador da inteligência paralela", com papel de coordenador das informações produzidas.

O relatório, de 1.125 páginas, detalha a atuação de 36 indiciados, divididos em seis núcleos, sendo Bolsonaro e Carlos classificados no núcleo político do esquema.

De acordo com a PF, o grupo usou a estrutura da Abin para atacar opositores, desacreditar instituições democráticas e interferir em investigações contra aliados.

Entre os alvos das operações ilegais estariam o senador Flávio Bolsonaro, o vereador Jair Renan e o atentado de 2018, usado politicamente em 2022.

A investigação revela que quase 1,8 mil celulares foram monitorados entre 2019 e 2021 com um programa israelense chamado First Mile, explorando redes 2G e 3G.

Foram feitas mais de 60 mil consultas telefônicas de forma irregular, classificadas em oito categorias, incluindo ministros, parlamentares e servidores do TSE.

O sigilo do relatório foi levantado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. A defesa dos citados não havia se manifestado até o momento.