19 de dezembro de 2025
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Sem liberdade para falar com pais sobre sexo, adolescentes engravidam cada vez mais cedo

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O caso da adolescente de 17 anos, que no dia 30 de maio, em Aquidauana matou o filho recém-nascido sufocado após fazer o parto sozinha em casa chocou os sul-mato-grossenses e levantou uma questão que ainda é vista como tabu. Sexo.

Para a psicóloga Sheila Brusamarello o caso de Aquidauana reflete a imaturidade das meninas e dificuldade dos pais quando assunto é sexo. “Ainda tem gente que pensa que o bebê vem da cegonha. Quando a adolescente fica grávida, ela precisa de amparo físico, emocional, financeiro e médico. A família precisa cuidar das duas crianças.”


Em 2012, o IBGE registrou que 31% do total de partos realizados nos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) em todo Brasil foram de adolescentes entre 10 e 14 anos. Cerca de 300 mil meninas nessa faixa de idade foram submetidas à curetagem pós-aborto. Só no Brasil são cerca de 700 mil meninas com menos de 18 anos sendo mães todos os anos e desse total pelo menos 2% têm entre 10 e 14 anos

Na Capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em 2014, 3.068 mulheres engravidaram com menos de 19 anos. Na faixa dos 10 e 14 anos de idade, 105 meninas deram a luz. Já nos primeiros cinco meses deste ano, 869 mulheres engravidaram com menos de 19 anos e 45 têm entre 10 a 14 anos.

Abuso sexual

Há ainda os casos de adolescentes que engravidam depois de terem sido vítima de abuso sexual. Quando isso acontece, as famílias podem buscar apoio junto ao Conselho Tutelar. “É requisitado monitoramento da Secretaria de Assistência Social ou Cras (Centro de Referência de Assistência Social) onde existem projetos para a família e a adolescente.”, explica a conselheira Marta Vanuza. Porém, quando é verificado que a adolescente viola os direitos dela, o Conselho conversa com a mãe e orienta, e passa a acompanhar a família.

Denúncias

Marta explica que existe o “Disque 100”, número para qual pessoas podem ligar a fazer denúncias anônimas em caso de abuso sexual.

Adoção

Segundo o Conselho Tutelar, a adolescente que deseja dar o filho para adoção pode procurar o Núcleo de Adoação do Fórum para entregar o bebê à uma família cadastrada. “ Ela não vai sofrer nenhuma punição, nenhuma represália. Terá todo um acompanhamento da Vara da Infância, e assim que a criança nascer, do hospital irá direto para a família que vai adotar.”