29 de março de 2024
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PLACEBO

Bolsonaro coloca PF na "cola" de inimigos políticos e blinda aliados

Nesta manhã ficou explícita que a PF está aparelhada para uso político no Brasil; PF nega

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Operação da Polícia Federal, hoje (26.maio), no Palácio do Rio de Janeiro, de Wilson Witzel (PSC). Witzel é alvo da Operação Placebo, que apura desvios na saúde pública do Rio em negociações de emergência durante a pandemia do novo coronavírus. Equipes da instituição estiveram no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do estado, e na casa onde ele morava antes de ser eleito, no bairro Grajaú.

Segundo a CNN Brasil, os agentes estão cumprem 12 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio e São Paulo, ambos liderados por políticos detestados pelo presidente Jair Bolsonaro. A ação foi liberada pelo Supremo Tribunal Judiciário.

Segundo nota divulgada pela PF: “elementos de prova obtidos durante investigações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal foram compartilhados com a Procuradoria-Geral no bojo de investigação em curso no Superior Tribunal de Justiça e apontam para a existência de um esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro”.

Auxiliares do governador afirmaram que ele ficou surpreso aos ser acordado, por volta das 6h, por agentes da PF.

Em nota, Witzel negou qualquer tipo de participação em irregularidades nas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal e acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de oficializar a interferência na PF. Na véspera da operação, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou que operações da PF em breve teriam governadores como alvo. Em entrevista à CNN nesta (26), a deputada negou que houve vazamento.

“Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará”, afirmou Witzel.

“A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro", concluiu o governador do Rio de Janeiro.

O presidente Jair Bolsonaro parabenizou nesta terça-feira (26) a Polícia Federal (PF) pelas buscas realizadas pela manhã no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), adversário político do presidente. "Parabéns para Polícia Federal", respondeu Bolsonaro com um sorriso no rosto, quando questionado por um apoiador sobre a operação.

"A coisa está preta lá no Rio", disse o apoiador. O presidente, então, aponta para a máscara preta que estava usando e disse que tinha sido informado há pouco sobre a operação. A ação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus.

Witzel é desafeto de Bolsonaro, que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo.

Nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, falou de um suposto represamento de operações contra governadores, que passariam a ser deflagradas a partir de agora.
 

"A gente já teve algumas operações da PF que estavam na agulha para sair, mas não saíam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar de 'covidão' ou não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas já tem alguns governadores sendo investigados pela PF", comentou.

Quando um jornalista, de longe, questionou hoje Bolsonaro se Zambelli tinha informações sobre as investigações da PF, ele respondeu: "Pergunta para ela, pergunta para ela".

Na semana passada, perguntado em entrevista à youtuber Bárbara Destefani sobre uma possível 'covidão', Bolsonaro disse: "já começou a estourar acusações da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Dando minha opinião, porque eu nunca procurei saber inquéritos na Polícia Federal. Nunca procurei saber de inquéritos na Polícia Federal. Acho que tem metástase: vai pegar um Estado vizinho e mais gente pelo Brasil, tá? É isso que está parecendo."

LIVRE 

A PF não encontrou indícios dos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica contra o senador Flávio Bolsonaro.

Trata-se de inquérito eleitoral que “mira tanto as negociações de imóveis feitas pelo filho mais velho do presidente como a sua declaração de bens na eleição de 2018”, informa a Folha.

*Com informações da CNN Brasil