07 de novembro de 2025
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JUSCELINO FILHO

Do Centrão, ministro das Comunicações pede demissão após denúcias da PGR

Juscelino é acusado de envolvimento com organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva

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No dia 9 de abril de 2025, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pediu sua demissão.

Ele era um nome do Centrão no governo do presidente Lula (PT). 

A decisão foi tomada após denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Juscelino é acusado de envolvimento com organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

As acusações surgem de investigações relacionadas ao período em que ele era deputado federal pelo União Brasil.

A Polícia Federal indiciou o ministro em 2024, com base em irregularidades em obras no Maranhão.

O relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que emendas de Juscelino beneficiaram fazendas de sua família.

A investigação também envolve o empresário Eduardo José Barros Costa, acusado de atuar com Juscelino em fraudes.

Após as denúncias, o presidente Lula aconselhou Juscelino a se afastar do cargo.

Em sua carta de demissão (a íntegra abaixo), Juscelino afirmou que as acusações são infundadas e que confiava nas instituições do país.

O União Brasil deverá indicar Pedro Lucas Ribeiro para ocupar o posto de Juscelino Filho.

Essa demissão é a sétima de um ministro no governo Lula e a primeira relacionada a um caso de corrupção. Eis a carta: 

Carta aberta

Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública: solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de Ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso; muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e no qual sigo acreditando.

Nos últimos dois anos e quatro meses, vivi a missão mais desafiadora — e, ao mesmo tempo, mais bonita — da minha vida pública: ajudar a conectar os brasileiros e unir o Brasil. Trabalhar por um país onde a inclusão digital não seja privilégio, mas direito. Levar internet onde antes só havia isolamento. Criar oportunidades onde só havia a ausência do Estado.

Tive o apoio incondicional do presidente Lula, um líder a quem admiro profundamente e que sempre me garantiu liberdade e respaldo para trabalhar com autonomia e coragem. Nunca tive apego ao cargo, mas sempre tive paixão pela possibilidade de transformar a vida das pessoas — especialmente das que mais precisam.

A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá!

Retomarei meu mandato de deputado federal pelo Maranhão, de onde seguirei lutando pelo Brasil, com o mesmo compromisso, a mesma energia e ainda mais fé.

Saio do Ministério com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido. O Brasil está em outro patamar. Estamos levando banda larga a 138 mil escolas, destravamos o Fust — que estava parado há mais de duas décadas — para investimento de mais de R$ 3 bilhões em projetos de inclusão digital, entregamos mais de 56 mil computadores em comunidades carentes, estamos conectando a Amazônia com 12 mil km de fibra óptica submersa e deixamos pronta a TV 3.0, que vai revolucionar a televisão aberta no país.

É esse legado que deixo. E é com ele que sigo, de pé, lutando por justiça, pela democracia e pelo povo brasileiro.

Meu agradecimento a toda a minha equipe, ao presidente Lula, mais uma vez, ao meu partido União Brasil e, em especial, ao povo do Maranhão, que me escolheu para ser seu representante na vida pública. Me orgulha muito ser maranhense e poder ter contribuído com meu Estado e meu país.

Juscelino Filho