29 de março de 2024
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Dois médicos fizeram pressão para que saísse decreto de cloroquina, diz Mandetta

Uso indevido pode ter consequências graves para a saúde

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Após ser ameaçado de demissão por Jair Bolsonaro ontem, e o chefe recuar, o ministro da Saúde, sul-mato-grossense, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nessa manhã (7.abril), que foi pressionado por dois médicos, um anestesiologista e uma imunologista, para que editasse um protocolo de hidroxicloroquina, para tratamento do novo coronavírus, por meio de decreto.      

O composto não tem comprovação científica de eficácia fora de laboratórios. Mandetta chegou a orientar os médicos para que procurassem o secretário de Ciência e Tecnologia, Denizar Vianna, para que entendessem que trata-se de um medicamento com pouco embasamento científico para uso em humanos. "Me levaram, depois da reunião lá, para uma sala com dois médicos que queriam fazer protocolo de hidroxicloquina por decreto. Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam", afirmou Mandetta, sem citar nomes.

De acordo com o ministro, ele também propôs um debate com sociedades brasileiras de imunologia e anestesia. "Chegando a um consenso entre seu pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente", declarou.

O uso da hidroxicloroquina, remédio contra malária e doenças autoimunes, tem sido alvo de divergências entre Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro. Enquanto o ministro da Saúde é mais cauteloso e defende estudos que comprovem a eficácia do fármaco no tratamento da covid-19, Bolsonaro tem reforçado que o uso do medicamento é eficaz.

A cloroquina tem sido usada para casos graves e críticos do novo coronavírus no Brasil. Do contrário, pode ter consequências graves para a saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que toda prescrição de medicamento à base de cloroquina ou hidroxicloroquina precisa ser feita em receita especial de duas vias.

A entrega ou venda do medicamento nas farmácias e drogarias só poderá ser feita para pessoas com a receita especial, para que uma via fique retida na farmácia e outra com o paciente.