O governador André Puccinelli, a vice-governadora Simone Tebet e o ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, todos do PMDB, reuniram-se ontem para analisar o quadro da sucessão estadual e apontar pré-definições sobre as táticas e a estratégia que serão adotadas pelo partido. A importância dessa reunião pode ser medida pelo fato de o governador ter interrompido um de seus dias de breve descanso para cumprir a agenda política e em seguida retomar ao recesso com a família.
O ex-prefeito entregará no próximo dia 31 seu pedido de exoneração da Secretaria Extraordinária de Articulação, Desenvolvimento Regional e dos Municípios para dedicar-se integralmente à pré-campanha para o governo estadual. Muito pouco foi reverberado após essa longa e acalorada conversa de portas fechadas, em lugar não revelado. Por telefone, Nelsinho Trad disse que as duas pautas discutidas foram a situação política do Estado e os encaminhamentos que precisam ser feitos.
“Quanto ao teor das nossas conclusões e desses encaminhamentos são questões reservadas do partido, mas que serão amadurecidas e consolidadas por todos os quadros dirigentes”, despistou. “Posso afirmar que foi uma reunião muito produtiva e o quadro nos revela um cenário extremamente favorável para fazer a campanha”, assinalou. Em seguida, informou que o PMDB possui indicadores internos de alta confiabilidade que reforçam a certeza de um processo positivo para o partido na sucessão estadual.
Nelsinho Trad também comentou que foi válida e deu resultados muito bons a “bronca” do final do ano, quando de público reclamou da falta de envolvimento de alguns segmentos do partido em defesa de sua pré-candidatura ao governo. “Há motivação, há interesse e todo o partido está preparado”, afiançou. Ao ser questionado sobre qual o campo de alianças e aliados o PMDB quer construir, também fez mistério e metaforizou: “Não podemos entregar o ouro ao bandido”.
ITENS – Se foi completa e esclarecedora a conversa entre Puccinelli, Simone e Nelsinho, é compreensível que nenhum dos interlocutores faça revelações mais detalhadas. Porém, não é difícil alinhar alguns assuntos que desafiam a imaginação e as projeções do PMDB no ano eleitoral. Um exemplo é a própria composição da chapa majoritária. Se não decolar de forma convincente, a pré-candidatura de Nelsinho está ameaçada. O processo está afunilando.
A vice-governadora Simone Tebet insiste que se não for candidata a senadora ficará de fora da disputa eleitoral este ano. Continua pré-candidata ao Senado, mas ninguém considera Puccinelli carta fora do baralho. Para grande parte das forças de sua base de sustentação, o governador será o candidato do PMDB ao Senado.
Outro ponto de fervura no QG peemedebista é a costura nacional com o PT, cujas bordas ameaçam incluir Mato Grosso do Sul entre os estados-convivas da aliança eleitoral. Nesse caso, emerge a hipótese de um ilustre nome do PMDB, o senador Waldemir Moka, ser ungido ministro do governo Dilma Roussef. Com Dilma reeleita, especula-se até o nome de André Puccinelli como futuro ministro.
E GIROTO – Para a conjuntura peemedebista na sucessão local, indaga-se também qual o principal motivo que levou Puccinelli a tirar o deputado Edson Giroto da Câmara Federal para comandar a Secretaria de Obras e em seguida devolvê-lo ao PR, desfalcando a bancada peemedebista. A resposta, presumivelmente, pode ter sido dada dias atrás, durante uma sigilosa reunião de poucos interlocutores, entre os quais o senador Delcídio Amaral e a cúpula do PR (leia-se: Londres Machado, Paulo Corrêa, Antonio Carlos Arroyo e Edson Giroto).
Não é de difícil divisar uma das situações plantadas neste mosaico. Giroto no PR pode ser a grande opção para Delcídio Amaral ter um vice que mantenha acesa a chama de cooperação que ele e Puccinelli acenderam em eleições anteriores, mesmo no calor do confronto entre seus partidos. O senador petista consolidou sua autoridade no contexto político do Congresso e do Planalto, conversa com Dilma Roussef quando precisa e já tem, entre outras licenças, o direito de ampliar seu raio de entendimentos – inclusive junto a inimigos declarados do petismo, como o PSDB de Reinaldo Azambuja -, além de disponibilizar para o PR ou o PDT sulmatogrossenses a vaga do candidato ou candidata a vice-governador (a).
Edson Moraes, especial para MS Notícias