Setores da cúpula petista manobram para desestimular candidaturas próprias nos Estados em favor de partidos aliados e, assim, fortalecer a coligação em torno da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, especialmente com o PMDB.
Entre as medidas sugeridas por esse grupo está a obrigatoriedade de alianças sólidas como pré-requisito para candidaturas próprias. A ideia desses petistas também é que a direção nacional se manifeste de forma explícita sobre a situação em cada uma das 27 unidades da federação como forma de orientar os diretórios estaduais.
No alvo estão pelo menos cinco Estados onde as direções locais defendem candidaturas próprias: Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. O principal beneficiado é o PMDB, partido que ameaça rachar a aliança com Dilma e poderia ficar com a "herança" petista em Goiás, Paraíba, Santa Catarina e Tocantins.
Levantamento elaborado pela direção petista, ao qual o Estado teve acesso, mostra que o partido tem hoje 11 candidaturas consolidadas a governador no Acre, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo. Em outros oito estados o partido está em processo avançado para apoiar aliados. Há negociação com o PMDB em Alagoas, no Amazonas, no Maranhão, no Mato Grosso, no Pará e em Sergipe. No Ceará, o objetivo é apoiar o nome do PROS e em Pernambuco, do PTB. No Espírito Santo e no Amapá, o PT deve ficar com o PSB, cujo pré-candidato a presidente é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Os líderes petistas que defendem a redução das candidaturas próprias querem encaminhar as propostas na próxima reunião do diretório nacional do partido marcada para os dias 20 e 21 de março, em Brasília.
"A prioridade do PT é a reeleição da Dilma. O cálculo para consolidarmos as candidaturas próprias têm que levar em conta as pesquisas, palanques para Dilma e fundamentalmente política de alianças. Se não atender esses requisitos é melhor fortalecermos a relação com aliados como o PMDB e o PSD. Essas decisões não podem ficar a cargo de cada estado", defende o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).
Resoluções recentes aprovadas pelo diretório nacional petista conferem à cúpula do partido poderes para decretar a palavra final e, se for o caso, intervir na estratégia política dos Estados. No entanto, para evitar traumas e fissuras, integrantes da direção nacional defendem que a cúpula explicite suas posições de modo a desestimular algumas candidaturas próprias.
"Tem um movimento por candidaturas próprias em vários estados onde poderíamos abrir espaços para ajustar a aliança nacional. A executiva nacional deveria fazer uma leitura Estado por Estado e tornar pública sua posição política em cada um deles", diz o secretário nacional de Organização, Florisvaldo Souza.
Em 2010, o PMDB teve apoio do PT em sete Estados. Este ano as negociações caminham bem em seis. Com a manobra da cúpula nacional, o número pode chegar a 10, enfraquecendo o discurso da ala rebelde peemedebista.
A cúpula petista tem as contas na ponta da língua. O presidente nacional do partido, Rui Falcão, não cansa de repetir que o PMDB apoia candidatos petistas, por enquanto, em apenas dois estados, Distrito Federal e Minas Gerais. Na sexta-feira passada, durante café da manhã oferecido pela agência de notícias espanhola EFE, Falcão, lembrou que o PMDB deve ficar contra Dilma na Bahia e Pernambuco.
Agência Estado