26 de julho de 2024
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INTERNACIONAL

Homem mata ex-premier Shinzo Abe a tiros em comício (vídeo)

Espingarda de fabricação caseira foi usada; tiros atingiram o pescoço, do lado direito, e o peito, do lado esquerdo, chegando ao coração.

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O ex-primeiro-ministro (premier) japonês Shinzo Abe morreu aos 67 anos, nesta sexta-feira (8.jul.22), após ser alvejado durante um comício na cidade de Nara, perto de Quioto, no Japão. Um vídeo (abaixo) mostra o momento do disparo. 

Tetsuya Yamagami, de 41 anos, foi preso em flagrante. Ele usou uma espingarda de fabricação acaseira para atingir e matar o ex-premier.  

Tetsuya Yamagami é agarrado por um pessoal de segurança depois de supostamente atirar em Abe em Nara na sexta-feira. | QUIODOTetsuya Yamagami é agarrado por um segurança após supostamente atirar em Abe em Nara nesta sexta-feira. Em sua mão direita é vista a arma de fabricação caseira com 2 canos. Foto: QUIODO

Autoridades do governo disseram que Yamagami foi oficial da Força de Autodefesa Marítima por três anos até por volta de 2005.

Yamagami disse aos investigadores que "tinha queixas" com o ex-primeiro-ministro e pretendia matá-lo. Ele também disse, no entanto, que “não se ressentiu das crenças políticas de Abe”. A polícia encontrou explosivos na casa de Yamagami, informou a NHK. Veja o vídeo: 

 

CARREIRA

Abe aperta a mão de apoiadores após um comício de campanha eleitoral da Câmara dos Deputados em Fukushima em outubro de 2017. | REUTERSAbe aperta a mão de apoiadores após um comício de campanha eleitoral da Câmara dos Deputados em Fukushima em outubro de 2017.  Foto: REUTERS

Shinzo foi primeiro-ministro do Japão entre 2006 e 2007 e, mais tarde, entre 2012 e 2020. Foi o líder japonês com maior longevidade no cargo.

O comício desta sexta-feira ocorria antes das eleições para o Senado japonês, marcadas para domingo (10.jul.22). A vítima discursava em apoio a Kei Sato, um membro da câmara alta do Parlamento que concorre à reeleição como representante da cidade de Nara.

O ex-primeiro-ministro Shinzo Abe quando discurso em Nara na sexta-feira, momentos antes de ser alvejado e morto a tiro. Foto: QUIODOO ex-primeiro-ministro Shinzo Abe quando discurso em Nara na sexta-feira, momentos antes de ser alvejado e morto a tiro. Foto: QUIODO

Em entrevista, o Hospital Universitário de Nara informou que a morte foi declarada às 17h03 locais, cinco horas depois de ter chegado ao hospital.

De acordo com o médico presente na entrevista, Shinzo Abe "já não tinha sinais vitais" quando chegou ao hospital. Os dois disparos que atingiram o ex-chefe de governo feriram o pescoço, do lado direito, e o peito, do lado esquerdo, chegando ao coração.

O ex-primeiro-ministro sangrou de forma "abundante" e recebeu várias transfusões de sangue para tentar salvar a sua vida, disse o médico.

MANIFESTAÇÕES

Emocionado, o atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida: “Estou profundamente triste e sem palavras”. “Perdemos um grande líder que amava a nação, olhava para o futuro e fez grandes conquistas em vários campos para o futuro deste país", completou. 

O atentado contra Shinzo Ab é condenado por vários dirigentes mundiais e organizações internacionais. Em Portugal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está "chocado" com o assassinato.

“Devemos defender eleições livres e justas, que estão na base da democracia. Direi isso ao povo até o último momento da campanha”, disse.

O governo português condenou o ataque e destacou que "não há lugar para a violência na política".

No Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a morte do ex-chefe de governo. "Morreu uma pessoa maravilhosa, um grande democrata e um defensor da ordem mundial multilateral. Choro com a sua família, amigos e todo o povo japonês", afirmou.

POLÍTICA VIOLENTA

No Japão, a violência política é rara e as armas de fogo estão fortemente reguladas. Os assassinatos eram uma característica comum na política interna nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, mas tornaram-se quase inexistentes ao longo das últimas sete décadas.

O último assassinato de uma figura política importante ocorreu em 1960, quando um nacionalista extremista esfaqueou e matou o então líder do Partido Socialista do Japão, Inejiro Asanuma. Em nível local, o prefeito de Nagasaki, Kazunaga Ito, foi morto a tiro em 2007 por um integrante de uma gangue.

O país tem as regras mais rigorosas do mundo sobre a compra e o porte de armas de fogo. Em princípio, essas armas não são sequer permitidas no país, mas existem algumas exceções, como as armas usadas na caça.

São várias as etapas até que se consiga comprar e ter porte de arma, desde aulas de segurança, exames escritos, exames médicos, comprovação da saúde física e mental ou verificação de antecedentes.

De acordo com o jornal The New York Times, havia cerca de 192 mil armas de fogo registradas no país em 2020, o mesmo número registrado no estado norte-americano do Alabama, por exemplo.

BRASIL 

Jair Bolsonaro (PL) decretou luto de três dias após assassinato de Shinzo Abe. Ele afirmou ter recebido a notícia “com extrema indignação e pesar” e chamou Shinzo de “líder brilhante e que foi um grande amigo do Brasil”.

"Como sinal de nosso respeito ao povo japonês, de reconhecimento pela amizade de Shinzo Abe com Brasil e de solidariedade diante de uma crueldade injustificável, decretei luto oficial em todo o país durante 3 dias. Que seu assassinato seja punido com rigor. Estamos com o Japão", disse o chefe do executivo.