26 de abril de 2024
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CRISE

Moro anuncia demissão e diz que Bolsonaro fará trocas política na PF

Veja a transcrição das principais falas do ministro da Justiça e Segurança Pública em seu anúncio de saída nessa 6ªfeira

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“Sempre tivemos preocupação com intervenção do Executivo nas investigações. Na época da Lava Jato foi garantida autonomia. Mesmo com todos os problemas do governo [PT]", essa é declaração do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro ao anunciar sua saída do cargo, nessa 6ªfeira (24.abril), após a demissão do diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo, publicada no Diário Oficial de hoje, mas que não tem validade, pois segundo Moro, ele não assinou o documento.  Moro emendou anunciando que entregará sua carta de demissão, após o presidente Jair Bolsonaro tentar interferência política na Polícia Federal (PF). 

O ministro disse ainda que Bolsonaro chegou a confirmar que era mesmo uma intervenção política. Segundo Moro, Bolsonaro tinha preocupações com investigações contra ele no Supremo Tribunal Federal, e a troca na PF poderia ajudar a parar essas ações em curso.  "O presidente me disse que teria ser uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher relatórios.... Imagina se durante a Lava Jato, a Dilma ou o ex-presidente Luiz, ficasse ligando para Curitiba?", questionou Moro. 

O ministro voltou ao passado, e desmentiu boatos de que ele teria aceitado o cargo no ministério com a condição de ele ser levado ao STF. "Pedi que minha família não ficasse desamparada, foi a única condição", disse.  

Para Moro, o grande problema é que Bolsonaro não tem um motivo para trocas. "O grande problema não é quem entra, é porque alguém entra?", alertou. 

Ele ainda disse que o desejo do presidente da república era fazer substituições na PF em estados. "O problema é que não é só troca do diretor-geral. O presidente disse que faria outras substituições de superintendentes no Rio de Janeiro e Pernambuco, sem causas, sem razão para essas trocas", explicou.  

O ainda ministro, revelou que o independente das consequências, seu lema sempre será: “Faça a coisa certa sempre”, foi sempre nossa frase de ordem, o mote do Ministério da Segurança", ressaltou.  

Sérgio Moro ainda lembrou que quando aceitou o cargo no ministério o presidente havia dado carta-branca para que ele escolhesse seu time. ""Final de 2018 recebi convite do Jair Bolsonaro para ser ministro da Justiça e Segurança Pública, em 1º de novembro, foi me prometido carta branca para nomear assessores inclusive desses órgãos, Polícia Federal. Na ocasião, foi divulgado equivocadamente pelas pessoas que eu queria o cargo no Supremo Tribunal Federal", disse.  

Durante o seu pronunciamento, o ministro explicou que o problema não era a troca de Valeixo, e sim o porquê queriam trocar. "Não é uma questão do nome, tem outros bons nomes. O grande problema de realizar essa troca é que haveria uma quebra da promessa que me foi feita. E ficaria claro que é uma interferência política.  Não aconteceu isso durante a Lava Jato", reforçou.  

O trecho em que Bolsonaro confirmou ser um interferência política: "Ontem, houve a insistência, e eu disse para o presidente que seria um interferência política, ele disse, que seria mesmo".  

O trecho em que Bolsonaro confirma que tem preocupações com inquéritos em curso no STF: "O presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e que a troca seria oportuno da PF por isso... É algo que gera uma grande preocupação", opinou Moro.  

Em tom despedida, Moro disse que a única alternativa, para seguir sua biografia seria a sua saída. "Até busquei uma solução alternativa, mas entendi que não podia deixar de lado meu compromisso com estado de direito. A exoneração, eu fiquei sabendo pela Diário Oficial da União, não assinei esse documento, fiquei sabendo pelo documento. Achei que isso foi ofensivo e não é verdadeiro que me pediram.  Para mim isso é uma sinalização que o presidente me quer fora do cargo. Eu não posso concordar. Agradeço ao presidente da República, tínhamos um compromisso, fui fiel a esse compromisso... Vou começar a empacotar minhas coisas e vou encaminhar minha carta de demissão, não tenho condições de continuar. Espero que independente da minha saída, seja indicado alguém que possa fazer um trabalho autônomo e independente, alguém que não concorde com trocas... Agora vou procurar um emprego. Independentemente de onde eu esteja, eu sempre vou estar à disposição do país. Sempre respeitando o mandamento “fazer a coisa certa sempre”", finalizou.