20 de abril de 2024
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Editorial

Olarte reduz seu salário em 30%, população quer redução de 100% na incompetência

Populismo e demagogia são irmãos siameses, penetrando como metástase no Estado democrático. (Hélio Duque, doutor em Ciências Econômicas).

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Pelas contas da oposição, o prefeito Gilmar Olarte (sem partido) inchou a máquina pública com 1.500 comissionados; para a base aliada, com 1.045; para os contratados, apenas cumpriu o que lhe pede sua denominação religiosa (não confundam com fé): repartiu entre seus irmãos.

Ainda que não tenha conseguido explicar o motivo de tantas contratações quando coisa nenhuma está sendo feita porque o próprio prefeito alega que não existe dinheiro para nada, também reduziu os rendimentos dos servidores concursados, desmontou a Saúde, desestruturou a Educação, exterminou com a Cultura.

Em tempo: antes que se pergunte sobre as empresas contratadas; vão bem, muito bem, obrigado. E são tantas: as do tapa-buracos, as que fornecem merendas para Ceinfs, aquelas de medicamentos, as de limpeza e também as que fornecem produtos de limpeza para as empresas de limpeza. Ainda que se pergunte sobre a CPI das Finanças, recém-aberta, tem na sua relatoria o vereador Airton Saraiva. Parece, então, que tudo vai bem.

Quanto aos servidores municipais, tiveram seus salários reduzidos, seus reajustes não cumpridos, correm o risco de não receberem 13º salário e sequer podem reclamar em redes sociais, porque correm o risco de serem penalizados, pois têm sido monitorados pelos fundamentalistas olartistas alocados em cargos públicos, parece que apenas para esse tipo de ação.

E porque a praxe brasileira é inversamente proporcional à democracia, pois aqui o povo serve e obedece sem contestação aos eleitos (e olhem que ele foi eleito a reboque), o que seria reajuste salarial se transformou em redução da jornada. Assim, numa canetada. Pronto, agora os servidores poderão complementar suas rendas com outros afazeres. Mas não há outros afazeres. Também não há segurança para isso, pois a qualquer momento, com outra canetada, tudo volta a ser como era. Infelizmente, as contas não são pagas com tempo reserva, são pagas com dinheiro.

E quando tudo ruiu, quando sua base aliada se desfez porque nada há para defender, Olarte resolveu fazer-se de exemplo. Não um exemplo que vem de cima, porque talvez não tenha estatura para isso, mas não deixa de ser um exemplo.

O prefeito-irmão, que encheu as burras da igreja de sua propriedade proporcionando aos fiéis súditos rendimentos suficientes para que lhe ofertem um gordo dízimo, reduziu em 30% seus rendimentos, recebidos pelo cargo que ocupa na Prefeitura da Capital. Aleluia! O erário que sangra com as mais de 1.000 contratações e o total descontrole das finanças terá um reforço no caixa de pouco mais de R$ 6 mil.

Seria um exemplo em caso de contingência, se o estado falimentar das finanças públicas tivessem sido provocado por influência de fatores externos e imprevistos, seria também exemplar se este exemplo fosse dado por alguém de indiscutível idoneidade. Afora isso, é apenas demagogia; populismo barato.

E como para nosso desespero, onde o legislativo parece que está acordando lentamente e o judiciário se retarda em seu próprio labirinto, não bastasse as suspensões de gratificações de professores, médicos, enfermeiros, e outros servidores, Olarte resolveu tornar pública a incompetência de parte de seu secretariado e redigiu, como forma de agredir a Câmara Municipal que agora resolveu reagir aos desmandos e à imposição que o executivo lhe impunha e, segundo informações recebidas pelo MS Notícias, escreveu de próprio punho o projeto entregue ao Legislativo que prevê cortes que podem chegar até 30% dos rendimentos de bonificações dos auditores fiscais.

Definitivamente temos que concordar com Hélio Duque quando ele diz que populismo e demagogia são irmãos siameses, penetrando como metástase no Estado democrático. Ainda mais, temos o lamentável dever de observar que em Campo Grande esses fatores estão associados à arrogância, prepotência e incompetência.