26 de abril de 2024
Campo Grande 31ºC

PT e PSDB ensaiam casamento em camas separadas

</div>
<div></div>
<div>Ensina uma das regras mais elementares da convivência humana, inclusive para os relacionamentos políticos, que sem compartilhar da mesma cama um casal não dura muito tempo junto.  Ou, a rigor, sem essa condição sequer chegam a fo
Ensina uma das regras mais elementares da convivência humana, inclusive para os relacionamentos políticos, que sem compartilhar da mesma cama um casal não dura muito tempo junto.  Ou, a rigor, sem essa condição sequer chegam a fo
A- A+
O senador Delcídio Amaral (PT) e o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) têm a justa ambição de se unir para a conquista de objetivos eleitorais comuns este ano. Ainda que tal união seja possível apenas num contexto extra-legal, mas de custo-benefício interessante para seus principais protagonistas, o arranjo político capaz de torná-la possível tende a mostrar seu flanco de fragilidade no desenrolar da campanha. E se isso ocorrer, será como um casamento em que os nubentes, PT e PSDB, dormirão em camas separadas, embora no mesmo aposento.
reinaldo e delcidio
Ensina uma das regras mais elementares da convivência humana, inclusive para os relacionamentos políticos, que sem compartilhar da mesma cama um casal não dura muito tempo junto.  Ou, a rigor, sem essa condição sequer chegam a formar um casal, pouco importando o desejo de serem parceiros.
Delcídio e Azambuja vão de encontro a essa lógica, desafiando-a por um viés simplista de ganho político: derrotar um inimigo comum, o PMDB do governador André Puccinelli. Para isso, vale até o matrimônio antes inimaginável entre dois partidos que nacional e regionalmente sempre - até agora, ao menos - foram como água e óleo , por questões de ideologia, ocupação de espaços e hegemonia.
O primeiro passo deste insólito casamento foi o noivado extra-oficial nas eleições campograndenses. No segundo turno, tucanos e petistas somaram-se na primeira hora à corrente de apoios que ajudou o candidato do PP, Alcides Bernal, a derrotar o então peemedebista Edson Giroto, esperança de Puccinelli e do prefeito à época, Nelson Trad Filho, de conservar a hegemonia do partido no poder municipal. Desenhava-se, naquela conjuntura, a solução que hoje ganha formas viusíveis nas andanças lado a lado interior afora e nas declarações reciprocamente amistosas de Delcídio e Azambuja.
TROCA DE APOIOS - Derrotar o PMDB é tão determinante para os petistas que até o ex-governador Zeca do PT admite a "coligação branca" na troca de apoios entre os candidatos Delcídio (ao Governo) e Azambuja (ao Senado). No entanto, esse entendimento faz aflorar alguns intrigantes questionamentos políticos de forma e conteúdo. Pergunta-se, por exemplo, se Azambuja vai pedir votos para Delcídio e vice-versa? Como se sabe, os dois partidos não podem fazer uma coligação formal.
Numa campanha que terá como principal disputa a sucessão presidencial, PT e PSDB, partidos nacionais, se digladiarão num embate sem quartel e de golpes baixos. Em busca da reeleição e por ser favorita, a presidenta Dilma Roussef é o alvo-mor dos ataques tucanos. Especula-se que em ambiente local, pelo minguado peso eleitoral do Estado na campanha nacional, petistas e tucanos poderão fazer o que quiser, inclusive trocar apoios e até evitar o tiroteio a ser travado pela alta cúpula.
Contudo, o ambiente estadual tem outro ingrediente que pode azedar o cardápio da festa desse inusitado enlace político-ideológico: os interesses eleitorais. Cada partido tem a necessidade de defender a eleição de seus quadros na briga pelas 24 cadeiras da Assembléia Legislativa e oito da Câmara dos Deputados. Para esse objetivo uma das receitas imprescindíveis é montar as melhores coligações. E vem então outra pergunta: quais os partidos que se coligarão com o PSDB, sem que um e outro se veja ameaçado de perder espaços na representação proporcional?
Sem que estejam brigados e distantes de um rompimento, no amor e na paz o PT e o PSDB, pelas mãos de Delcídio e Azambuja, cogitam dificultar de vez o projeto do PMDB de conservar a hegemonia estadual. Mas nem mesmo no amor e na paz conseguirão deixar de deitar-se em camas separadas. No mesmo quarto.
AZAMBUJA NA CABEÇA - Enquanto isso, as bases dos dois partidos treinam o que fazer quando chegar a hora de definir a tática e a estratégia política do ano eleitoral. No PSDB, não por acaso, evolui a tese da chapa própria, sob dois argumentos motivacionais: a) a melhor alternativa para não ficar refém de nenhum dos dois partidos (PT e PMDB); b) Reinaldo Azambuja, com o reforço de prestígio que adquiriu na sucessão campograndense, pode ser a terceira via e ganhar maior competitividade. Para quem pensa assim, o raciocínio baseia-se num simples pressuposto: o PSDB tem um campo maior e mais amplo de legendas e forças para construir suas alianças.
O PMDB quer este cenário, pulverizado, para limitar o avanço de Delcídio. Livrar-se de Azambuja é também um anelo peemedebista, que sonha em ver o tucano sem mandato. Não o perdoa por ter dado o grito de independência e saltado fora da carona que ocupou durante duas décadas. Mas em qualquer cenário - provam as simulaçlões de pesquisas já divulgadas e registradas na Justiça Eleitoral -, vale ressalvar, o favorito consolidado é Delcídio Amaral. Tirá-lo dessa condição é po enigma que PMDB e PSDB precisam decifrar. Sem combinar com o eleitor, nada feito. E o eleitor não vai entender porque um casal que se ama dorme em camas separadas.
Edson Moraes, especial para MS Notícias