29 de abril de 2024
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Puccinelli prepara terreno para disputar prefeitura da Capital em 2016

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O ex-governador André Puccinelli (PMDB) não revela nem assume publicamente, mas nos bastidores de seu dia-a-dia é mais intensa e reveladora a rotina de quem procura manter azeitada a dinâmica do eterno candidato. Seu olhar nas eleições de 2016 é de sintomático interesse. Para alguns de seus amigos e aliados mais próximos, é possível perceber que Puccinelli não se contenta em fazer política apenas como conselheiro e espectador.

A senadora Simone Tebet, a deputada estadual Antonieta Amorim e o deputado federal Carlos Marun, três dos fiéis escudeiros de Puccinelli, já deixaram de lado a excessiva cautela nas declarações e arriscam admitir que o ex-prefeito de Campo Grande não está tão convicto em pendurar as chuteiras.

Nos primeiros dois meses depois de entregar o cargo ao sucessor tucano Reinaldo Azambuja, Puccinelli garantiu categoricamente que não se candidataria e dali em diante iria cuidar dos netos, da famílias e das demandas pessoais – mas, ressalvando que seria sempre um ativista atuante do PMDB, conselheiro e apoiador dos amigos e aliados.

Porém, o março de Puccinelli e terceiro mês de governo Azambuja tucana começou com uma nova conjuntura nas perspectivas das relações entre peemedebistas e tucanos, bem mais azedas e opostas ao ambiente de interesses comuns que prevaleceu na eleição de Júnior Mochi para presidente da Assembleia Legislativa. A disputa de espaço fez da quadratura de convivência dos dois partidos uma área de deflagrações cada vez mais incendiárias.

A formação de blocos parlamentares (formais ou não) na Assembleia e na Câmara Municipal de Campo Grande hoje evidenciam a guerra anunciada para a sucessão municipal. Cresce no PMDB e no PSDB a constatação de que a boa vizinhança se limitará à formalidade política do apoio quase protocolar no legislativo. Tanto que nem um lado e nem outro têm certeza se o respaldo às matérias de interesse do Executivo será total ou condicionado a partir do próximo trimestre, quando interesses, nomes e inclinações de partidos e candidaturas terão maior visibilidade com as convenções e os desdobramentos da crise política nacional.

?Puccinelli não abandonaria o território onde atuou como secretário de Estado, deputado federal, prefeito e governador. A política está no seu instinto. Contudo, divide-se entre contribuir como dirigente e estrategista do partido ou assumir de vez o papel e a responsabilidade que ainda lhe são delegados timidamente pelos correligionários que o desejam candidato ano que vem.

A cúpula peemedebista prepara a realização das convenções estadual e municipais. A composição dos diretórios já poderá delinear qual direção a sigla pretende seguir agora e em 2016, tanto em relação ao governo de Reinaldo Azambuja quanto às disputas nos municípios. O desafio maior e determinante dos peemedebistas será recuperar a hegemonia político-administrativa na maior cidade do Estado.

Salvo situações próprias dos fenômenos da política, o PSDB de Azambuja confirma-se como maior ameaça ao renascimento do PMDB. E só ele, Puccinelli, sabe perfeitamente que está em suas próprias mão impedir que a vitória tucana de 2014 se repita como pá de cal dois anos depois.