A DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Paranaíba, a 407 quilômetros de Campo Grande, investiga um caso de tortura contra um bebê de dois meses. A criança foi resgatada com sinais de desnutrição, desidratação e diversas lesões pelo corpo. Os pais, únicos responsáveis pelos cuidados do bebê, foram presos preventivamente no dia 5 de dezembro.
O caso foi descoberto após agentes de saúde notarem as lesões durante uma pesagem de rotina, exigida para manutenção do benefício do Bolsa Família. "A criança estava desnutrida, desidratada, com várias lesões. Então, se a saúde não comunica os órgãos responsáveis, era possível que fosse mais um caso, infelizmente, como o da Sofia, que aconteceu em Campo Grande. A importância dessa denúncia é a gente conseguir agir antes que o pior aconteça", destacou a delegada Eva Maira Cogo, responsável pela investigação.
Lesões graves e internação urgente
A criança apresentava hematomas, cicatrizes e lesões que podem ser decorrentes de queimaduras por cigarro. Após ser avaliada por um pediatra, foi internada imediatamente na Santa Casa de Paranaíba. Apesar da gravidade das lesões, a delegada descartou a possibilidade de violência sexual.
Testemunhas relataram que o bebê já exibia sinais de agressão desde o primeiro mês de vida. Segundo a polícia, a criança ficava exclusivamente sob os cuidados dos pais, que mantinham outros familiares afastados da residência. "Nem a mãe nem o pai apresentaram justificativas minimamente plausíveis para essas lesões. Por esse motivo, representei pela prisão preventiva, que foi rapidamente deferida e cumprida", afirmou Eva.
Durante o depoimento inicial, os pais alegaram que as lesões eram "coisas de pele" ou surgiram "do nada". A mãe, em um interrogatório complementar, disse ser vítima de violência doméstica e alegou não ter presenciado agressões, mas admitiu que, em algumas ocasiões, o pai levava o bebê para o quarto e, posteriormente, a criança aparecia machucada. "Ela acabou dando a entender que ele pode ser o autor dessas lesões", explicou a delegada.
No cumprimento do mandado de busca e apreensão, a polícia encontrou maconha na residência, reforçando o cenário de vulnerabilidade. A investigação também apura um possível histórico de maus-tratos.
A delegada ressaltou a importância de denúncias em casos como este. "Se não houvesse essa denúncia, poderíamos estar lidando com uma tragédia ainda maior", afirmou, em referência ao "Caso Sophia", ocorrido em Campo Grande. O bebê permanece internado sob cuidados médicos, enquanto os pais respondem por tortura.