A segunda fase da Operação Cyber Fake, conduzida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), trouxe à tona o modo de atuação de um esquema de extorsão digital que já dura quase uma década.
Preso preventivamente em Itaquiraí, o investigado é acusado de criar perfis falsos em redes sociais, ameaçar vítimas com a divulgação de conteúdos íntimos e, em seguida, oferecer serviços fraudulentos de “proteção cibernética” mediante pagamento.
Segundo a apuração, o golpe era recorrente: o autor simulava ataques virtuais, se apresentava como “especialista em segurança digital” e oferecia pacotes para supostamente remover imagens da internet ou blindar perfis contra invasões. Na prática, ele mesmo era o responsável pelas ameaças e mantinha o ciclo de extorsão mesmo após os pagamentos.
Em um dos casos mais recentes, uma vítima chegou a desembolsar R$ 16,8 mil em diferentes cobranças: R$ 4,8 mil por um “pacote inicial de proteção”, R$ 750 por “serviços adicionais” e R$ 13,8 mil pela suposta exclusão definitiva de mídias íntimas. Mesmo assim, as chantagens continuaram.
O histórico do investigado mostra que o esquema não era isolado. Ele já havia feito vítimas em vários estados, incluindo uma adolescente de 16 anos, coagida a vender bens pessoais para conseguir pagar cerca de R$ 1 mil.
A análise técnica conduzida pelo MP identificou diversos perfis falsos usados nos crimes, como “Roni Godoi”, “thiagooo_coutinho”, “cr.andromeda”, “crr.andromeda”, “Wesley Lopes” e “Gabriel”. A investigação apontou ainda para o uso de engenharia social, ocultação de identidade e armazenamento de material sensível, confirmando a complexidade da atuação.
A segunda fase da Cyber Fake foi deflagrada no dia 21 de agosto pela 1ª Promotoria de Justiça de Itaquiraí em conjunto com a Unidade de Combate aos Crimes Cibernéticos (UICC/CI). Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, baseados em novas provas coletadas na primeira etapa.
O MPMS reforça que, além de buscar a punição do responsável, a operação tem como objetivo proteger vítimas vulneráveis e combater a impunidade nos crimes digitais, que vêm se sofisticando ao longo dos anos.
A instituição também alerta a população a não compartilhar informações pessoais ou imagens íntimas com desconhecidos, desconfiar de perfis não verificados e jamais realizar transferências sem a devida confirmação da identidade. Denúncias podem ser feitas pela Ouvidoria do MPMS, pelo site ouvidoria.mpms.mp.br, pelo telefone 127 ou diretamente nas Promotorias de Justiça.











