O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia no âmbito da Operação Sordidum contra 16 indivíduos, acusados de integrar uma organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos e tráfico de drogas. A quadrilha, que atuava há quase uma década, estabeleceu um esquema complexo para lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas, como o tráfico internacional de drogas e operações ilegais de câmbio. A organização criminosa operava em diversos estados brasileiros, incluindo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia e Paraná, além de manter conexões com doleiros no Paraguai e traficantes da América Central.
As investigações da Polícia Federal revelaram que o grupo utilizava uma logística sofisticada para o transporte de drogas, envolvendo a compra de aeronaves em nome de "laranjas", contratação de pilotos e aluguel de pistas de pouso. Em uma única operação, envolvendo o transporte de cocaína, foram gastos cerca de R$ 10 milhões. Entre os denunciados estão familiares, doleiros e pilotos de avião, que ajudavam a dissimular a origem dos recursos ilícitos.
Um dos líderes do grupo, utilizando documentos falsos, criou empresas e movimentou milhões de reais para ocultar o verdadeiro fluxo de dinheiro. Entre 2015 e 2020, ele movimentou cerca de R$ 50 milhões. Além disso, ele chegou a providenciar seu divórcio e se casar novamente com a mesma mulher, utilizando um nome falso. Outro líder do grupo também obteve documentos falsos e agia de forma similar, embora ambos nem sempre atuassem juntos.
As investigações também apontaram para a compra de imóveis e empréstimos de dinheiro entre os membros da quadrilha, com o intuito de lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A organização criminosa utilizava empresas de fachada, como imobiliárias e lojas de materiais de construção, que movimentaram cerca de R$ 20 milhões entre 2015 e 2020. Doleiros paraguaios também eram usados para inserir os recursos ilícitos na economia brasileira.
A Operação Sordidum ainda revelou que aeronaves adquiridas pelos criminosos eram utilizadas uma única vez para o transporte de drogas e, posteriormente, destruídas para evitar rastreamento. Em um dos golpes sofridos pelo grupo, 313 kg de cocaína foram apreendidos em julho de 2021, no interior de São Paulo.
O MPF destacou a conexão da Operação Sordidum com outras investigações, como as Operações Prime e Downfall, que também desmantelaram organizações criminosas atuando de forma similar. Além das condenações, o MPF pede que os líderes da quadrilha paguem uma indenização milionária e que todos os bens móveis e imóveis adquiridos com os recursos ilícitos sejam confiscados.