26 de abril de 2024
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Em 2013, Botareli não foi contra prorrogar reajuste salarial, mas hoje fecha portas ao diálogo

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Hoje, diversas famílias sul-mato-grossenses, se viram frustradas diante da continuidade da greve dos professores estaduais, que deveria ter sido encerrada ontem com decisão judicial que considero movimento ilegal. Hoje, cerca de 80% das escolas estaduais estão sem aula, segundo Fetems (Federação dos Profissionais da Educação de Mato Grosso do Sul).

Porém, o presidente da Fetems, Roberto Magno Botareli, insiste em desrespeitar a decisão judicial. Botareli conversou com MS Notícias na manhã de hoje e depois de tecer críticas genéricas ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que dão margem à interpretações de viés político, informou que mesmo com decisão judicial, a greve irá continuar. "Vamos continuar a greve não acabou, queremos colocar os trabalhadores na rua".

As declarações do presidente da Fetems acabam levantando dúvidas sobre a isenção e imparcialidade de Botareli nas negociações com atual governo, o que pode, inclusive, prejudicar os 25 mil professores da rede estadual, já que para eles, não entra em pauta interesses políticos partidários e sim o que vale é um aumento salarial. Botareli é filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores) e em 2014 foi coordenador da campanha ao Senado do candidato petista Ricardo Ayache.

Basta analisar ações anteriores de Botareli para que se possa perceber a conotação política da atual greve. Não por parte da classe trabalhadora, dos profissionais da educação, mas sim da direção da Fetems. 

Em 2013, ao invés de exigir do governo estadual pagamento o reajuste salarial de 10,98% como parte da implantação gradativa do piso nacional para 20 horas semanais, Botareli, facilmente, sem reclamar, aceitou que o valor fosse pago apenas em 2014, último ano do governo de André Puccinelli (PMDB). 

Puccinelli, ao negociar com Botarelli, não enfrentou nenhuma dificuldade, e então a Lei nº 4.464/2013 foi aprovada no final de 2013. Curioso é que em 2014, quando o então governado explicou a Botareli da impossibilidade de efetuar o pagamento justamente por falta de recursos, o presidente da Fetems, rapidamente, fechou acordo com governo estadual e aceitou que o reajuste fosse pago em 2015, primeiro ano de novo governo. Talvez, a expectativa de Botareli era de que o candidato do PT ao governo Delcídio do Amaral fosse eleito. Delcídio era favorito, mas perdeu no segundo turno para o tucano Reinaldo Azambuja. 

E essa justificativa foi pontuada por Azambuja: "se o Estado tivesse caixa para bancar o aumento, jamais o governador da época deixaria de atender um clamor trabalhista, sobretudo em final de mandato. A área econômica do governo estadual já confirmou que não há no Tesouro Estadual disponibilidade a curto e médio prazos para ir além do que o Executivo propôs aos professores e a Fetems rejeitou: 4,37% a partir de outubro vindouro e uma escala progressiva de composição salarial para que, em 2022, se consolide a integralização do piso e Mato Grosso do Sul alcance a melhor marca de remuneração da categoria em todo o País."

Hoje, Botareli, tem se mostrado irredutível em negociar com governo atual, de Reinaldo Azambuja, mesmo diante do fato comprovado de falta de recursos em caixa. O próprio governador reconheceu que a greve poderia ter sido evitada se o diálogo com classe trabalhista fosse mantido. Na última segunda-feira, Reinaldo reconheceu a dificuldade em negociar com Fetems diante da atual conjuntura, mas reafirmou seu compromisso em manter diálogo. "Nós vamos continuar dialogando com a categoria, mas infelizmente estão querendo politizar essa questão. Vamos aguardar uma posição da Fetems,”