26 de abril de 2024
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Operação Adna

Histórico: ex-prefeito Gilmar Olarte é condenado a 8 anos de prisão

"Terminou 'ruim' para o pastor e autor do escândalo de corrupção assistido e lamentado pelos campo-grandenses"

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Terminou 'ruim' para o pastor e autor do escândalo de corrupção assistido e lamentado pelos campo-grandenses, após Operação Adna, desencadeada pelo GAECO (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), colocar sob investigação o ex-prefeito Gilmar Olarte, que por fim acabou deposto e acusado por corrupção e lavagem de dinheiro, o julgamento de Gilmar aconteceu nessa quarta-feira (24).

Na Seção Especial Criminal,  nos bastidores e no próprio julgamento do ex-prefeito de Campo Grande e também pastor Gilmar Olarte, o tema foi 'cochichado' pelos presentes, pois é considerado histórico, segundo o próprio livro da "coisa pública"; esta seria a primeira vez que um ex-prefeito é condenado por corrupção. O relator do caso, desembargador Luis Claudio Bonassini, e o mesmo que afastou Gilmar do cargo de prefeito, em agosto de 2015.

Olarte foi acusado na época do inquérito de ter pego folhas de cheque “emprestadas” de fiéis da igreja Assembleia de Deus e trocar por dinheiro com agiotas. Os recursos, que chegaram a somar prejuízo de R$ 800 mil para as vítimas, foram arrecadados para quitar dívida da campanha eleitoral de 2012, quando o pastor evangélico, fundador da Adna em Campo Grande, candidatou a vice-prefeito na chapa de Alcides Bernal (PP), a quem "traiu" logo depois, articulando uma espécie de deposição de Bernal, que veio a ser descoberta logo depois.

Na Seção desta quarta-feira, todos os seis desembargadores presentes foram a favor do parecer do relator, desembargador Bonassini, pela condenação de Olarte por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Somando os dois crimes, o ex-'amigo de Bernal', foi condenado a oito anos e quatro meses de prisão, além multa que ainda não revelada. 

Mais dias livre 

Apesar da decisão já tomada pelos desembargadores e condenação já decretada, a detenção pode sere imediata, já que o acórdão (conteúdo da decisão) precisa ser publicado no Diário Oficial da Justiça – E segundo os delatores, não há prazo para tal publicação. Assim que publicada a decisão, serão expedidas as ordens de prisão, declarou o TJ.

Desmascarado 

O relator Luis Cláudio, durante a seção leu o relatório, cujo conteúdo afirma que foi derrubada a tese de Olarte, de que ele desconhecia a conduta de Ronan Edson Feitosa de Lima [ex-assessor especial]  e também réu, que foiu preso pela operação. Luiz Márcio dos Santos Feliciano, que teria ajudado o pastor nas negociações com as vítimas, também foi condenado nesta seção. 

"Gilmar enquanto ex-prefeito também não trouxe provas", continuou a acusação. Pois, aos invés de procurar a Polícia, Gilmar Olarte contratou um advogado para negociar os pagamentos, intermediou fuga e ainda ofereceu cargos na Prefeitura de Campo Grande para a família de Ronan.

Em relação à camionete Mitsubshi Triton, "emprestada" por Luiz para o ex-prefeito, será perdido em favor da União. O relator afirma que o veículo foi comprado por R$ 30 mil para lavagem de dinheiro. 

Sem provas 

Ainda segundo o relator, o ex-prefeito também não provou que houve conspiração contra ele, como argumentou em defesa. Ao contrário, os fatos apontados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) foram comprovados.

Ronan Feitosa, que está preso há sete meses, foi condenado a pena de quatro anos e seis meses. Mas, como já se encontra em detenção, cumprirá em regime semiaberto. Luís Márcio, terceiro réu na ação, recebeu pena de um ano de reclusão e multa. Mas, devido a necessidade de tratamento, atestado pro laudo psiquiátrico, foi transformado em obrigação de tratamento ambulatorial por dois anos.

Unânime 

Todos os sete desembargadores da sessão criminal votaram pelas condenações. José Ali Ahmad Neto chegou a pedir vistas do processo por uma semana, mas Bonassini argumentou que o processo é virtual. Jairo foi o primeiro a votar, afirmando que não tinha dúvidas de que o que está na ação é de fato o que aconteceu.

O desembargador Luis Gonzaga Mendes Marques afirmou que achava que o patamar da pena podia ser maior, mas concordou a pena estabelecida. Por não ser necessária a presença da defesa o advogado de defesa de Gilmar Olarte, Renê Siufi não se fez presente.