29 de março de 2024
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Má formação muscular

Chamado de 'monstro' festeja cirurgia: 'Não vou ser humilhado'

Além de não comer e não falar direito, Cleiton Bezerra era chamado de 'monstro' por sua aparência. Dentistas voluntários conseguiu realizar duas cirurgias e trazer mais qualidade de vida ao jovem.

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Desde pequeno, o jovem Cleiton Bezerra teve uma vida marcada por preconceito por causa de sua aparência. O morador de Cubatão (SP), que tem uma má formação muscular e esquelética, nunca conseguiu fechar a boca, falar ou comer direito. Com a ajuda de dentistas e o esforço de voluntários, aos 25 anos, ele finalmente realizou uma cirurgia para corrigir o problema: "Nunca mais vou ser humilhado".

Cleiton nunca teve dificuldades cognitivas, mas por conta dos problemas físicos e de comunicação, só conseguiu concluir os estudos em uma escola de educação especial. As dificuldades de Cleiton também refletiam em sua vida social. Por conta da aparência, ele nunca conseguiu namorar ou ter um emprego fixo.

Além disso, Cleiton passou por episódios de discriminação. "Ele sofre muito preconceito. Ele baba e o rosto dele é diferente. Devido à boca, o chamam de babão e monstro. Até quando ele pega ônibus tem gente que não senta do lado dele por medo ou nojo", relatou o amigo Maiko Santana, em 2018, quando o G1 fez a primeira reportagem sobre o caso do jovem.

O dentista Marcelo Quintela e o cirurgião buco-maxilofacial Alessandro Silva souberam do caso do jovem e resolveram ajudá-lo por meio do projeto Corrente do Bem. Os profissionais realizam, de forma voluntária, cirurgias e tratamentos e, assim, conseguem melhorar a vida de pessoas com problemas odontológicos e faciais.

Segundo os dentistas, a deficiência muscular e esquelética ocasionou um crescimento vertical dos ossos da face. Os maxilares cresceram tanto que não comportam a parte óssea, dentária e gengival, por isso, ele não consegue fechar a boca. "Ficando tudo assim exposto ao ar, o que é agressivo, ele acaba ficando com a garganta inflamada, bem como com a gengiva e céu da boca inchados”, explica Quintela.

Cleiton iniciou o tratamento gratuito na clínica odontológica da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). Em julho de 2018, após doações e arrecadação de dinheiro para o pagamento de despesas, Cleiton passou por uma palatoplastia, que visa a reconstrução do palato, divisão óssea e muscular entre as cavidades oral e nasal.

O procedimento foi realizado com sucesso no centro cirúrgico do Hospital Vitória, em Santos. A previsão era que a segunda operação, bem mais complexa que a primeira, acontecesse em 40 dias. O plano de saúde, porém, não aprovou a compra das próteses. A família entrou com uma liminar na Justiça e, depois de meses, o convênio foi obrigado a comprar os materiais.

A cirurgia ortognática foi, finalmente, realizada em outubro, no hospital Alvorada, em São Paulo. Delicada e trabalhosa, a operação durou cerca de seis horas. Os dentistas cortaram e reposicionaram os ossos do jovem. "Cortamos a maxila e colocamos para dentro, para que apareçam só os dentes, e abrimos para que ela fique larga. Feito isso, cortamos a mandíbula e suspendemos para colocar os dentes na posição correta", explica Quintela.

Duas próteses de titânio foram implantadas próxima a região do ouvido. Como os ossos de Cleiton são frágeis, os dentistas temiam que eles não suportassem a mudança de posição e pudessem quebrar. Por isso, as próteses foram colocadas para atuar como articulações metálicas, garantindo que o jovem possa comer qualquer tipo de alimento. Elas são feitas de titânio e biocompatíveis com o tecido ósseo e gengival, ou seja, se adaptam ao organismo e não necessitam serem trocadas com o passar do tempo.

O procedimento foi realizado com sucesso no centro cirúrgico do Hospital Vitória, em Santos. A previsão era que a segunda operação, bem mais complexa que a primeira, acontecesse em 40 dias. O plano de saúde, porém, não aprovou a compra das próteses. A família entrou com uma liminar na Justiça e, depois de meses, o convênio foi obrigado a comprar os materiais.

A cirurgia ortognática foi, finalmente, realizada em outubro, no hospital Alvorada, em São Paulo. Delicada e trabalhosa, a operação durou cerca de seis horas. Os dentistas cortaram e reposicionaram os ossos do jovem. "Cortamos a maxila e colocamos para dentro, para que apareçam só os dentes, e abrimos para que ela fique larga. Feito isso, cortamos a mandíbula e suspendemos para colocar os dentes na posição correta", explica Quintela.

Duas próteses de titânio foram implantadas próxima a região do ouvido. Como os ossos de Cleiton são frágeis, os dentistas temiam que eles não suportassem a mudança de posição e pudessem quebrar. Por isso, as próteses foram colocadas para atuar como articulações metálicas, garantindo que o jovem possa comer qualquer tipo de alimento. Elas são feitas de titânio e biocompatíveis com o tecido ósseo e gengival, ou seja, se adaptam ao organismo e não necessitam serem trocadas com o passar do tempo.