20 de abril de 2024
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VIOLÊNCIA DA PM | ENTREVISTA

Dono de restaurante nega que esposa tenha xingado criança autista de "verme da sociedade"

Empresário disse foi equivocada a ação do PM. "Isso não se faz com ninguém", afirmou

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A mulher de 44 anos agredida pelo 2º Tenente da Polícia Militar, André Luiz Leonel Andrea, comandante do 3º Pelotão em Bodoquena, que bateu na vítima quando ela estava algemada em um Batalhão da PM de Bonito, no interior de Mato Grosso do Sul, disse ao G1 que a dona do restaurante Rustik teria xingado sua filha de 3 anos que é autista, chamando a criança de "verme da sociedade". "Nessa hora eu fui para cima da proprietária do restaurante e uma confusão se iniciou. Minha filha de 17 anos separou a gente e voltamos para o hotel", afirmou. Minutos depois, ainda segundo a mulher, a Polícia Militar foi até a pousada onde a família estava. E lá, já teriam começados as agressões.  

O caso ocorreu no dia 26 de setembro, as imagens de câmeras de segurança foram divulgadas em primeira mão aqui no MS Notícias, no sábado (22.nov.2020), a história repercutiu no país e outros vídeos de violência contra a população de Bodoquena e Bonito vieram à tona. Ocasião em que cidadãos também enviaram à reportagem vídeo em que a mesma guarnição comandada por Leonel dá um 'pisão' contra o rosto de um jovem durante um comício de campanha. Veja o vídeo: 

A PM disse que identificou os policiais envolvidos e determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar os fatos.

OUTRO LADO 

Em entrevista ao MS Notícias, o dono do restaurante, indentificado aqui apenas como Alexssander, negou todas as acusações da mãe da criança autista. Ouça abaixo a entrevista por telefone: 

MS Notícias · Dono do restaurante dá sua versão sobre: mulher, mãe de criança autista, foi agredida por PM

Alexssander disse que é equivocada a ação de Leonel. "Isso não se faz com ninguém, completamente despreparado o militar", afirmou. Segundo ele, caso a mulher estivesse falando a verdade, seria ela quem deveria ter chamado a polícia. "Ela disse que xingamos a criança, jamais faria isso, eu tenho 'parentes' crianças especiais... nunca, nunca faria isso de xingar uma criança. Acontece que ela foi agressiva, nos ameaçou, ameaçou colocar fogo aqui, como tenho botijões de gás grandes, decidi registrar o boletim para resguardar meus direitos", rebateu o empresário.  

MS Notícias · O o que o dono do restaurante acha da atitude do PM e com acusações da vítima afeta a empresa

O empresário finalizou a entrevista reforçando o slogan de seu restaurante: " Cozinhar é uma forma de amar os outros.", ao relatar que não pode ser culpabilizado pela atitude irregular da PM. Ele também negou que oferecia comida de forma gratuita aos PMs. "Outra mentira, não damos comida aqui", finalizou.  

DENÚNCIA 

De acordo com a vítima das agressões, que pediu para não ser identificada, ela não prestou queixa na época do ocorrido por não ter provas das agressões até então, além de ter sido negada a ela a possibilidade de registrar Boletim de Ocorrência e dificultado a realização de exame de corpo de delito. Com a divulgação do vídeo, ela disse que irá até a corregedoria da Polícia Militar em Campo Grande (MS) para registrar Boletim de Ocorrência nesta 2ª-feira (23.nov.2020) e ainda entrar com ação na justiça contra o estado.

Após notar que as agressões teriam sido registradas pelas câmeras, o comandante da PM chamou técnicos ao quartel para tentar remover as imagens, um frame enviado por fonte à reportagem, mostra o momento em que Leonel está no balcão e um homem, que não usa vestimentas de policiais sentado a cadeira mexendo no computador, Leonel usa boné, em pé escorado no balcão. 

NÃO É CASO ISOLADO 

Um comerciante de Bodoquena, também denunciou ao MS Notícias perseguição por parte da guarnição comandada por Leonel, conhecido na cidade como o 'menino do fuzil', "Em todo lugar que ele vai quer fazer loucura, vai de fuzil quer ficar ameaçando... intimidando", relatou o empresário.  

O empresário que terá o nome preservado diz lutar para manter seu estabelecimento na cidade, e que por isso é humilhado constantemente por Leonel. (Veja aqui essa situação completa)

Há dias o MS Notícias tenta falar com o comandante do batalhão, apesar de inúmeras tentativas, nas ocasiões em que os telefonemas foram atendidos, foi informado que Leonel não se encontrava no batalhão. Nesta 2ª-feira (23.nov) em mais uma tentativa, um policial militar pediu que a reportagem retornasse mais tarde.