28 de março de 2024
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MS é um dos estados com mais mortes por raios no Brasil, diz estudo

O levantamento levou à criação de uma cartilha de como as pessoas podem se proteger

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Levantamento elaborado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com informações coletadas pelo Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, além do uso de casos reportados por veículos da imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 até 2019, concluiu que o Brasil é o país onde mais se tem descargas elétricas para o solo, cerca de 77,8 milhões ao ano. Entre os estados, Mato Grosso do Sul aparece com 138 mortes provocadas por raios. 

Quanto ao número de mortes provocadas pelo fenômeno, o Brasil ocupa a sétima posição mundial: neste século já foram registrados 2.194 casos; uma média de 110 casos por ano de 2000 até 2019. 

O levantamento levou à criação de uma cartilha de como as pessoas podem ser proteger de entrar para essa estatística de vítimas de raios. O estudo é um dos mais completos do mundo, e segundo a Elat, deve contribuir muito para reduzir as mortes no país.

Entre os principais resultados do levantamento, o Sudeste concentra o maior número de casos (26%) e a maior parte das mortes (67%) ocorreu no verão e primavera - estações mais quentes do ano e por isto com maior número de tempestades e raios. Os homens representam a maior parte dos casos (82%), enquanto as mulheres representam 18% dos óbitos. Dentre as principais circunstâncias de fatalidades, os maiores percentuais são aqueles associados a circunstâncias de agronegócio (26%) e estar dentro de casa próximo a rede elétrica ou hidráulica (21%), seguidos por atividades na água ou próximo em praias, rios ou piscinas (9%), embaixo de árvores (9%), em áreas cobertas que protegem da chuva, mas não dos raios (8%), em áreas descampadas (7%), próximo à veículos ou em veículo abertos (6%), em rodovias, estradas ou ruas, sem estar dentro de veículos (4%), próximo a cercas, varal ou similares (4%) e outros casos (6%). Não há nenhum registro de fatalidade dentro de veículos fechados; esta é circunstância mais segura para se abrigar durante uma tempestade.

A probabilidade de uma pessoa morrer atingida por um raio no Brasil ao longo de sua vida é de um em 25.000. Essa probabilidade aumenta em até 2,5 vezes se você estiver desprotegido em uma área descampada durante uma tempestade típica, que produz cerca de três raios por minuto – neste caso, em apenas 30 minutos, a probabilidade de morrer atingido por um raio é em torno de um em 10.000, similar à de sofrer um acidente aéreo. Para pessoas que estejam em áreas descampadas durante uma tempestade mais forte, que produz cerca de 30 raios por minuto, a probabilidade de morrer atingido por um raio é de um em 1.000, ou seja, 25 vezes maior.

Nem sempre um incidente provocado por um raio é fatal, prova disso são as mais de 300 pessoas que sobrevivem por ano após serem atingidas por um raio. Desafiando as probabilidades, existem pessoas que sobrevivem a dois raios. Neide Maria Cardoso, de Curitiba (PR), é prova disso. Aos sete anos de idade, um raio atingiu sua casa pela parede dos fundos e atravessou a sala onde ela estava. O estrondo causou a perda de 80% da audição do ouvido direito. Anos depois, já adulta, ela foi novamente atingida por um raio quando estava num galpão de seu condomínio. Desta vez as sequelas foram mais graves, com queimaduras pelo corpo, perda de memória parcial e anos de terapia para superar o trauma.

Os raios, apesar de trazerem mortes e graves sequelas aos sobreviventes, são fontes de inspiração e superação para jovens que acompanham e registram a beleza do fenômeno. Diego Rhamon Reis é portador da Síndrome de Asperger, relacionada com o autismo. Desde a infância ele sofreu vários casos de bullying devido à sua dificuldade em se relacionar com outras pessoas e por demonstrar uma inteligência acima do comum, aspectos inerentes de sua condição. Apaixonado por fenômenos atmosféricos, Diego se formou em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Atualmente, ele faz mestrado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em Cachoeira Paulista (SP), cidade de onde fotografa as tempestades elétricas sempre quando há oportunidade.

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