26 de abril de 2024
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TRAGÉDIA | SÃO VICENTE (SP)

Sem dinheiro para comprar o gás, Angélica morre ao se queimar com álcool

"Com o aumento do preço ainda, a única maneira que ela conseguiu foi cozinhar com álcool", lamentou uma tia

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A jovem Angélica Rodrigues, de 26 anos, morreu na última quarta-feira (6.abr.22) após ter 85% do corpo queimado depois de usar álcool para cozinhar, em São Vicente, no litoral de São Paulo. A mulher estava internada há 15 dias no Hospital Municipal l (antigo Crei) e aguardava uma transferência para um hospital de referência na capital paulista. As informações são do G1.

Conforme a família, Angélica chegou a ser transferida, mas morreu durante a preparação de uma cirurgia para remover a pele morta.

“Ela sofreu queimaduras cozinhando em álcool. Achou que a chama do potinho tinha acabado, virou o galão de álcool, o fogo veio para cima do galão e pegou no corpo dela. Ela se assustou, sacudiu o galão, e foi para o corpo dela todo”, contou ao G1 a cozinheira Silvia Regina dos Santos, de 42 anos, mãe da jovem.

Após o acidente, a mulher chegou a ser socorrida, mas, devido à gravidade das queimaduras, precisou ser transferida. No entanto, a família da jovem reclama da demora para ela ser atendida em outro hospital. “Houve negligência, porque ela ficou duas semanas no Crei antes de conseguir a vaga, demorou para sair essa vaga”, afirmou a tia da vítima, Thamires da Silva, de 22 anos.

“Ela não tinha dinheiro para comprar o gás, com o aumento do preço ainda, a única maneira que ela conseguiu foi cozinhar com álcool”, lamenta a tia.

Em nota ao G1, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que o caso da paciente foi sendo monitorado pela Central de Regulação de Oferta e Serviços da Saúde (CROSS), que busca vaga em serviço de referência.

De acordo com a pasta, a transferência de um paciente não depende exclusivamente de disponibilidade de vagas, mas também de quadro clínico estável que permita o deslocamento a outro serviço de saúde para sua própria segurança.

Ainda segundo a pasta, a CROSS não nega vagas, pois é apenas um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência, funcionando 24 horas por dia.

Também em nota ao G1, a Prefeitura de São Vicente afirmou que Angélica recebeu todos os cuidados necessários das equipes técnicas enquanto aguardava liberação de vaga para ser transferida para hospital de referência.