Associação em Dourados, idealizada por artistas, o espaço Sucata Cultural já promoveu diversas oficinas, workshops, espetáculos, eventos artísticos e, mais recente, não entrou no projeto de auxílio emergencial dos espaços culturais pela Lei Aldir Blanc. 

Conforme argumenta o ator, João Rocha, em vídeo divulgado pelas redes sociais do Sucata, "faz quase dois anos praticamente de pandemia, que o Sucata se mantém de várias formas. Ficou um tempão fechado, fazendo comida para pagar aluguel e funcionário". Segundo ele, a justificativa para serem deixados de fora da lista do auxílio é porque o estabelecimento encontra-se "parcialmente aberto". 

Ainda, a relação oficial do município, sobre os espaços culturais aprovados pelo comitê técnico gestor  foi publicada ontem (13.set.2021). Para esses, serão pagos R$ 3 mil; R$ 6 mil ou R$10 mil, seguindo critérios definidos no subsídio mensal.

"Hoje, o Sucata mantém oito postos de emprego direto aqui dentro, diariamente. Temos aluguel, luz, internet, computador, segurança, um monte de coisa para tratar. Uma secretaria de cultura que diz que está aberta parcialmente, é como se não tivéssemos sofrendo os perrengues da pandemia", disse João. 

Ele ressalta a "frente cultural" que o espaço forma, destacando que o Sucata oferece casa e espaço para os grupos ensaiarem; grupos tocarem, e considera ainda falta de respeito por parte da Secretaria classificarem o fato de estarem tentando sobreviver da arte, como empecilho para receber ajuda. 

"Demérito é um espaço de cultura, durante um momento tão duro quanto a pandemia, não se colocar como frente de resistência, seja online, presencial como está liberado e estamos fazendo, com todas as restrições e obedecendo normas de segurança e biossegurança do espaço", argumenta ele.

Foi feito contato com a Secretaria Municipal de Cultura de Dourados, mas até a publicação desta, não foi obtida resposta. 

"Numa cidade onde um espaço como o Sucata - e outros que conheço - não tem mérito pela Secretaria de Cultura por seu trabalho é quase inviável a gente manter um espaço como esse. Não temos outra fonte de renda, então querer que o espaço esteja fechado totalmente, durante 1 ano e 6 meses é como se cravasse a placa de que o Sucata está fechado", finaliza João Rocha. 

 

 

 

 

 

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Diante da ideia de que o espaço se fecharia, frequentadores e apoiadores da cultura local se manifestaram através das redes. "Não tem a mínima noção do que é viver de arte, de evento, manter um espaço artístico é dureza... nosso setor foi o mais afetado, estamos seguindo já garra e suor. Precisamos ser reconhecidos!", argumentou o responsável pelo Studio Jacy Brasileiro. 

Também o escritor, jornalista e editor de livros, Luciano Serrafim compartilhou que "isso é revoltante". "Nos últimos anos o Sucata Cultural renovou a cena cultural na cidade, com espetáculos e aulas, e consequentemente quando teve de fechar com a pandemia foi super afetado. E agora esse chute na canela?", disse. 

Por fim a mestranda em Educação/UFGD, Luana Larissa de Carvalho usou das redes para manifestar seu apoio. 

Eu não sei o que seria de mim nessa cidade sem o Sucata Cultural. Minha primeira família na cidade. Meu lugar favorito. Onde conheci as pessoas mais especiais do mundo e vivi coisas incríveis! ♥️

— Luana (@soyluanalarissa) September 14, 2021