26 de abril de 2024
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ECONOMIA | MUNDO

Reino Unido fortalece relações comerciais com Brasil após deixar bloco europeu

Embaixador Peter Wilson cobrou ações para que se preserve o meio ambiente. "Esses problemas ambientais devem ser tratados em conjunto", disse

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A saída do Reino Unido da União Europeia abre caminho para fortalecer as relações comerciais entre Brasil e Reino Unido. Isso ficou claro durante o encontro online de hoje (26 de março), intitulado Relações-Reino Unido pós-Brexit, primeiro webinar de uma série promovida pela Aberje em parceria com o King’s Brazil Institute. O debate contou com a participação de Peter Wilson, embaixador do Reino Unido no Brasil; de Ana Paula Vitelli, presidente da Britcham - Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil e de Jonathan Knott, comissário de Comércio para América Latina e Caribe do Reino Unido.

Na ocasião, Peter Wilson afirmou ser esta uma "ótima oportunidade" para que o país faça ainda mais negócios com o Brasil. "Agora existe uma flexibilidade que em parte não havia no passado, além disso, há um crescente alinhamento estratégico na forma como os dois países enxergam o panorama mundial. Essa convergência enriquece significativamente o diálogo estratégico entre nossos países", disse.

"Pela primeira vez em décadas, o Reino Unido vai desenhar e executar sua própria estratégia comercial, fazendo com que seja possível estreitar relações bilaterais. Estaremos muito mais presentes no Brasil, e, muito do meu trabalho é que as empresas britânicas entendam onde as oportunidades estão, para investir nas companhias brasileiras", completou Jonathan Knott, que assumirá o Consulado Geral do Reino Unido em São Paulo.

Na visão de Ana Paula Vitelli, da Britcham, há muito mais que pode ser feito nas relações comerciais entre os dois países, em muitas áreas. "Uma delas é a Ciência, outra seria criar um ambiente de negócios atrativo no Brasil, para que outros países não apenas invistam em negócios que já existem aqui, como também tragam novos negócios para cá", acentuou.

"Queremos ter a certeza de que estamos fazendo tudo o que podemos para tornar mais fáceis as relações comerciais entre o Brasil e o Reino Unido. As barreiras que nós, britânicos, encontramos ao tentar fazer comércio com o Brasil ainda são significativas, mas o que importa é a vontade de fazer as coisas de forma diferente. Vou dar alguns exemplos: o acordo de dupla tributação (DTA, Double Taxation Agreement), que ainda não existe entre o Brasil e o Reino Unido, é uma grande prioridade para nosso governo. O Brasil é o maior país do mundo com o qual nós não temos um DTA. O lado bom é que, quando converso com autoridades sobre isso, há um entendimento de que se trata de algo desejável para ambas as partes".

STARTUPS E INOVAÇÃO

Outro ponto destacado no webinar foi quanto ao papel do governo, das universidades e de outras instituições para apoiar as startups britânicas e tentar estreitar as relações entre essas startups, incubadoras e aceleradoras no Reino Unido e no Brasil. De acordo com Wilson, o governo britânico está muito disposto a ajudar isso a acontecer.

"No Integrated Review - documento sobre a Política Externa e de Defesa Britânica para as próximas décadas publicado na semana passada, deixamos claro que vemos a inovação como chave não somente para nossa prosperidade como para nossa segurança. Claro que nem tudo depende do governo, também depende das pessoas e empresas, mas nosso governo se tornará cada vez mais ativo nesse sentido, na parceria com o Brasil. Há muita inovação acontecendo por aqui também, e queremos utilizar isso de forma proveitosa", salientou o embaixador.

QUESTÃO AMBIENTAL

O meio ambiente foi outro tema debatido no webinar. Além do desmatamento no Brasil, o embaixador falou sobre o combate ao aquecimento global. "Todos se preocupam muito com o meio ambiente e o desmatamento faz parte disso. A razão pela qual no Brasil a conversa acaba focada no desmatamento é porque 60% da Floresta Amazônica está em território brasileiro, por isso, é necessária essa discussão”, argumentou.

Contudo, em sua visão, esses problemas ambientais devem ser tratados em conjunto. "Estamos dispostos a trabalhar com o Brasil para superar esse problema, e não contra o Brasil. Hoje os investidores, consumidores e empresas muitas vezes se recusam a investir, consumir ou utilizar recursos que não são de fontes "limpas" e de acordo com as políticas ambientais. O mundo está mudando muito rápido e o Brasil faz parte da solução", concluiu Wilson.

Inédita, a iniciativa entre a Aberje e o King’s Brazil Institute permite que jornalistas e convidados tenham acesso previamente ao conteúdo gravado. Esta primeira série ainda trará mais dois temas: "Vacinas para Covid-19: ações e narrativas" - Como as empresas e a comunicação corporativa e pública podem contribuir em prol do acesso às vacinas e no combate à desinformação, e "ESG: um novo horizonte para finanças e negócios" - Quais são os impactos reputacionais, econômicos e comunicacionais em um novo paradigma de negócios que leva em consideração questões ESG (Ambiental, Social e de Governança, que serão abordados em abril e maio, respectivamente.