Luciano Hang é acusado de pertencer ao "gabinete paralelo", tão citado na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, e depõe hoje (29.set.2021) na CPI.
O empresário bolsonarista está ligado ainda ao mais recente escândalo divulgado, que envolve a empresa de planos de saúde Prevent Senior, por acolher fraudes no óbito e, supostamente, usar sua própria mãe de cobaia de medicamentos ineficazes contra a Covid-19.
Foi em um dos hospitais próprios da Prevent, o Sancta Maggiore, em São Paulo, que a mãe do empresário, Regina Hang, de 82 anos, morreu em fevereiro deste ano, segundo o portal Brasil de Fato. Em tom de provocação, na 2ª feira (27.set.2021), o empresário publicou vídeo em tom de provocação aos senadores, usando algemas.
Ainda, segundo a Agência Senado, Hang tentou levar as algemas, mas foi parado no detector de metais. "Nós estamos acostumados com esses bobos da corte. Esse não é o primeiro e nem será o último", afirmou o relator da CPI, Renan Calheiros em resposta à imprensa na chegada ao Senado.
FRAUDE NO LAUDO
Ainda que o prontuário indique que Regina Hang teve covid-19, a doença não consta do atestado de óbito, contrariando recomendação expressa do Conselho Federal de Medicina. Hang admite que a mãe teve covid, mas negou que essa tenha sido a causa mortis, alegando que já estava curada do coronavírus.
Renan Calheiros pondera que Luciano Hang pediu aos médicos que não revelassem que sua mãe teria feito o "tratamento precoce". Para o relator o objetivo seria não desmoralizar publicamente o uso da hidroxicloroquina e da ivermectina.
Pedro Batista Jr., da Prevent Senior, em depoimento à CPI invocou sigilo médico e negou-se a responder sobre o caso de Regina Hang. Falando em tese, o diretor da Prevent Senior admitiu que em alguns casos o hospital Sancta Maggiore retirava a classificação de covid-19 do prontuário de pacientes que deixavam de apresentar sintomas da doença, apontou a Agência Senado em relatório.
"Todos os pacientes com suspeita ou confirmados de covid (...), quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID [Classificação Internacional de Doenças] de covid, e, após 14 dias — ou 21 dias, para quem estava em UTI —, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID poderia já ser modificado, porque eles não representavam mais risco para a população do hospital — alegou Batista, em explicação considerada "inacreditável" pelo relator Renan.
Suspeita-se que o objetivo da Prevent Senior era gerar uma subnotificação de óbitos pela doença, em favor do "gabinete paralelo" de Bolsonaro.