25 de abril de 2024
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"Auto grampo" arquitetado por Osmar Terra para 'fritar' Mandetta

Colega de sigla, Onyx disse que "cortaria a cabeça" de Mandetta se fosse presidente

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O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse em conversa com o ex-ministro e deputado Osmar Terra (MDB-RS) que: “Se eu estivesse na cadeira [do Bolsonaro] ... O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele", fala em um trecho da conversa revelada pela CNN Brasil. Visivelmente, ambos Terra, com inveja da atuação do sul-mato-grossense, ministro da Saúde, Henrique Mandetta, praticou uma espécie de “auto grampo”, para que o jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, escutasse na manhã de ontem, quinta-feira (9.abril, por volta das 8h33), uma conversa em que discutiam a articulação da saída de Mandetta, da pasta da Saúde do governo de Jair Bolsonaro. Tudo, por Mandetta atuar de forma independente e não seguir o governo, no discurso de finalizar quarentena. 

Tanto Onyx, quanto Terra, não olham o trabalho de Mandetta, simplesmente, são contra Mandetta por ele não aderir a flexibilização do isolamento social proposta por Bolsonaro. "Eu ajudo, Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser", afirmou Terra em determinado ponto da conversa.

O vazamento é oportuno, ocorre no momento em que há um desgaste entre Mandetta e Jair Bolsonaro. A ‘tropa virtual’, coordenada pelo filho, Carlos Bolsonaro já entrou na briga, e garantiu a tag #foramandetta no trending topics do Twitter, na quarta-feira (8.abril), quando foi na manhã do dia seguinte, veio o “auto grampo”, em que em 14 minutos, Onyx e Terra articulam a saída de Mandetta.

O ministro da Saúde comentou o ataque do líder do Govern. “Deixa eles”. Mandetta causou inveja em parte do governo ao começar a ser elogiado pela população em suas ações contra o coronavírus. No exato instantes ganhou vários desafetos, entre eles o próprio presidente que não suporta os holofotes voltados à outros que não seja ele ou seus filhos. 

O novo impasse fez com que uma entrevista coletiva marcada para a tarde da quinta-feira fosse cancelada. Houve um entendimento de que a divulgação da conversa entre Onyx e Terra poderia dominar a entrevista, ofuscando os anúncios que seriam feitos pelos ministros.

VEJA A CONVERSA 

Onyx: "Eu acho que esse contraponto que tu tá fazendo..."
Terra: "É complicado mexer no governo por que ele tá..."
Onyx: "Ele (Mandetta) não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo."
Terra: "E ele (Mandetta) se acha."
Onyx: "Eu acho que (Bolsonaro) deveria ter arcado (com as consequências de uma demissão)..."
Terra: "O ideal era o Mandetta se adaptar ao discurso do Bolsonaro."
Onyx: "Uma coisa como o discurso da quarentena permite tudo. Se eu estivesse na cadeira (de Bolsonaro)... O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele..."
Terra: "Você viu a fala dele depois?"
Onyx: "Ali para mim foi a pá de cal. Eu já não falo com ele (Mandetta) há dois meses. Aí acho que é xadrez. Se ele sai vai acabar indo para a secretaria do Doria [João Doria, governador de São Paulo]." 
Terra: "Eu ajudo, Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser." 

À Folha de S.Paulo o ministro da Saúde evitou comentar a conversa.

"Eu só trabalho, trabalho, trabalho", afirmou, dizendo não ter visto a notícia sobre a conversa e perguntando do que se tratava.

Embora tenha sido um dos responsáveis pela indicação de Mandetta para o governo, já que ambos são do DEM, Onyx concordou com a posição de Terra, que está de olho na cadeira de Mandetta, e disse que Mandetta deveria se adequar ao discurso de Bolsonaro.

Logo depois, Bolsonaro mencionou brevemente o vazamento do diálogo no início de sua live semanal pelas redes sociais, afirmando que não comentaria o caso.

"Quem está esperando eu falar do Mandetta, Osmar Terra e Onyx pode passar para outra live. Não vai ter este assunto hoje aqui", antecipou Jair Bolsonaro. 

Procurada, a assessoria de Terra informou que o deputado não comentaria por tratar-se de uma conversa privada.

Na tarde desta quinta-feira, em meio à crise ministerial, o presidente foi a uma padaria em Brasília. Acompanhado de Tarcísio e de um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente comeu um sonho e cumprimentou clientes do local.

O entendimento de auxiliares de Bolsonaro é de que o vazamento foi arquitetado por Terra para manter a fritura de Mandetta. Eles dizem acreditar, porém, que Onyx não sabia que a conversa estava sendo acompanhada por um jornalista.

Apesar da insistência da ala ideológica em manter a tensão, as áreas militar e técnica afirmam que a situação se acalmou e o incêndio hoje está resumido a brasas.

*Fonte: Com informações da CNN Brasil.