26 de abril de 2024
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Delcídio tem “dia D” com ultimato do Conselho de Ética

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O senador Delcídio Amaral cumpre à risca sua sina de delator premiado. Entre magoado e vingativo, veste-se de injustiçado e não esconde estar assumindo o clássico papel de quem se recusa a servir de bode expiatório. Sabe que vai para a fogueira, mas quer companhia. Nesta terça-feira, 26, terá sua quarta e última oportunidade de prestar depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Como se sabe, amparado por atestados médicos, ele faltou às três primeiras convocações da Comissão, que vai decidir se o enquadrada por quebra de decoro, acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

Se o senador não comparecer, a Comissão encerra a fase probatória e seu processo passa a ser julgado à revelia. Em novembro de 2015, antes de ser afastado do PT, a Polícia Federal cumpriu uma das etapas da Operação Lava Jato e com ordem do STF prendeu Delcídio. A acusação sustenta-se numa conversa gravada pelo filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, na qual se combinava com Delcídio um jeito de livrar o pai da prisão e providenciar sua fuga para o exterior. O senador ficou preso 87 dias e só saiu após negociar sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da Republica.

Na semana passada, os advogados de defesa ingressaram com recurso no Supremo Tribunal Federal pedindo que seja suspenso o processo de cassação de Delcídio aberto pelo Conselho de Ética do Senado. A alegação é que o Conselho vem limitando o direito de defesa do senador. Delcídio está em prisão domiciliar e só tem autorização para ir ao Senado e retornar para casa.

COM RUITER – Uma das testemunhas-chave de Delcídio para vitaminar sua delação seria o ex-prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha, recém-filiado ao PSDB, depois de 16 anos de história no PT. A imprensa que cobre Brasília levantou trechos da delação nos quais Delcídio revela que, além da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula, pode complicar figuras proeminentes da política e dos negócios, tanto em nível nacional como em âmbito doméstico.

Sobre Ruiter, o senador conta que o ex-prefeito lhe fez companhia e viajaram juntos para um encontro com o desembargador Marcelo Navarro, que seria nomeado no STJ (Superior Tribunal de Justiça). A agenda tinha como pano de fundo encaminhar uma forma de livrar da prisão os empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Marqwues de Azevedo, este da Andrade Gutierrez.