Se não vingaram as primeiras opções político-eleitorais do governador André Puccinelli e do PMDB para a disputa sucessória estadual, seus principais adversários não têm tantos motivos para festejar. O governador traçara para o seu partido dois caminhos opcionais e para si, pessoalmente, uma alternativa. Um desses caminhos seria a aliança com os petistas e outro a chapa própria. Acabou ficando com o segundo. Para si, a candidatura ao Senado que, segundo suas próprias palavras, não se consumou porque conferiu uma pesquisa em que mais de 60% da população exigia sua permanência no cargo executivo até o final do mandato.
Agora, Puccinelli não vê outra saída senão a de turbinar a pré-candidatura de seu correligionário Nelson Trad Filho. O governador não se dá aos números de pesquisas divorciadas de uma realidade que ele mesmo, presencialmente, lê. Ele sabe que sem seu melhor e mais portentoso empurrão o ex-prefeito Nelsinho Trad não atinge o nível de competitividade ideal. É um problema que, a rigor, pode ser resolvido com o desdobrar dos fatos e o processo de encorpamento da militância e dos aliados.
Quanto ao PT e ao PSDB, que tentaram traçar um caminho único, a situação impõe um reestudo paciente e meticuloso. O senador Delcídio Amaral, pré-candidato do PT, não desconhece o perigo que corre com seu favoritismo saindo do eixo da conjuntura popular para virar um pêndulo na engrenagem das alianças.
A negativa peremptória da cúpula do PT à aliança paroquial com os tucanos traz novos desafios. Em primeiro lugar, Delcídio fica sem o reforço de um aliado estratégico para seu palanque, o PSDB do deputado federal Reinaldo Azambuja. E, ao mesmo tempo, abre-se espaço para que Azambuja seja introduzido na pista da corrida sucessória. E, sem favor algum, um forte concorrente.
Para o parlamentar tucano o céu também não é de brigadeiro. Precisa recalcular seu vôo de outubro como se fosse o mais determinante para seus planos políticos. Já perdeu quase que totalmente o piso comum e cômodo que teria como candidato à reeleição. Aparenta não ter mais disposição de continuar deputado federal e assume alcançar as alturas de um mandato majoritário, ou de senador, ou de governador.
Para disputar o Senado, Azambuja necessitaria de uma solução aliancista ampla e competitiva, mas seu campo de atração está minado pelo PMDB, hoje na condição de desafeto raivoso. E para concorrer ao Governo, se não quiser passar vexame, terá de dispor de uma verdadeira fortuna que lhe garanta estrutura e mobilidade compatíveis com o nível do enfrentamento. Um diferencial que Azambuja ainda mantém é a condição de competidor de ponta, adquirida na eleição para a Prefeitura de Campo Grande. Porém, o resultado das próximas eleições não permite prever quais as consequências que uma derrota ou uma vitória lhe trarão em relação a 2016.
Edson Moraes, especial para MS Notícias