23 de abril de 2024
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Dom Phillps era "muito malvisto", diz Bolsonaro

O presidente também disse que os corpos "estão dentro d'água. E dentro d'água pouca coisa vai sobrar, o peixe come. Não sei se tem piranha lá no Rio Javari"

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Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (15.jun.2022) que o jornalista britânico Dom Phillps era "muito malvisto" na região do Vale do Javari, no Amazonas, onde desapareceu juntamente com o indigenista Bruno Pereira, em 5 de junho.

Para o presidente, "muita gente não gostava" do jornalista e, por isso, ele deveria ter "redobrado a atenção"

"Esse inglês era malvisto na região porque ele fazia muita matéria contra garimpeiro, a questão ambiental. Então naquela região lá que é bastante isolada muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais do que atenção redobrada para consigo próprio", justificou Bolsonaro em entrevista à jornalista bolsonarista Leda Nagle.

Recentemente mostramos aqui no MS Notícias que 2 corpos foram encontrados pela Polícia Federal na região em que o jornalista indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram. A PF refutou que os corpos não eram de Dom e Bruno, porém, não disse à quem pertenciam os cadáveres achados amarrados à árvores.  

“Pelo que tudo indica, se mataram os 2 – espero que não –, eles estão dentro d’água. E dentro d’água pouca coisa vai sobrar, o peixe come. Não sei se tem piranha lá no Rio Javari. A gente lamenta tudo isso aí e pede a Deus que nada tenha acontecido” , declarou Bolsonaro, sem esclarecer se obteve esses detalhes junto aos investigadores.  

“Os 2 resolveram entrar numa área completamente inóspita, sozinho, sem segurança e aconteceu problema. Desde o 1º dia, domingo retrasado, estamos buscando essas pessoas lá na região e não estamos tendo sucesso” ,  sustentou Bolsonaro, apesar de não ser verdadeira a informação de que desde o 1º dia o governo iniciou as buscas.  

Nesta quarta-feira (15.jun.2022), o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse estar “profundamente preocupado” com o desaparecimento do jornalista britânico.

O governo brasileiro vem sendo críticas por sua ação morosa em relação as buscas.

Organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) cobram mais esforços das autoridades brasileiras, que iniciaram as buscas apenas no 4º dia após os desaparecimentos.  

Dom e Bruno estavam fazendo entrevistas com indígenas no local e eram alvos de garimpeiros criminosos que invadem essas terras, com a bênção do governo Bolsonaro.

Bruno era funcionário licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai). A Univaja o classificava como um indigenista “experiente e profundo conhecedor da região”.

O Vale do Javari concentra 26 etnias indígenas, a maioria com indígenas isolados ou de contato recente. Pereira era um colaborador da Univaja, entidade mantida pelos próprios indígenas da região. O indigenista já havia denunciado que estaria sofrendo ameaças na região. A PF abriu uma investigação sobre a denúncia.

FONTE: PODER 360