Um dos capítulos mais simbólicos da Plenária Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-MS), realizada na manhã deste sábado (13.dez.25), na sede da Fetems, em Campo Grande (MS), foi a refiliação de Antônio Carlos Biffi. Figura histórica da esquerda sul-mato-grossense, ex-deputado federal e ex-secretário de Estado (Administração e Educação), Biffi retornou à legenda que ajudou a fundar com um discurso que mesclou emoção pessoal e artilharia pesada contra os adversários de extrema direita.
O evento serviu não apenas para formalizar seu retorno, mas para posicionar Biffi como um dos estrategistas da campanha de 2026.
Em entrevista ao MS Notícias, ele foi categórico ao minimizar a força eleitoral do grupo que comanda o Parque dos Poderes e apostou no "fator surpresa" para eleger Fábio Trad.
ANTES, HOMENAGEM
(13.dez.25) - Ao lado de Vander Loubet, Fábio Trad e da presidente da Fetems, Deusimeires, Biffi recebeu busto em sua homenagem. Foto: Tero QueirozAntes de subir o tom político, Biffi viveu um momento de consagração. O auditório da Fetems — entidade que ele já presidiu, assim como a CUT-MS — foi batizado oficialmente com seu nome. A presidente da federação, Deumeires Batista, entregou ao ex-deputado uma estatueta reproduzindo o busto instalado na entrada do local, reconhecendo-o como uma das lideranças que mais contribuíram para a categoria.
Visivelmente emocionado, Biffi agradeceu a honraria.
“O auditório ter meu nome já era uma grande homenagem. Mas hoje, receber essa réplica do busto foi uma surpresa muito alegre e importante. Ela [Deumeires] tinha me dito que entregaria, mas não sabia que seria aqui, diante de todos”, celebrou.
REFILIAÇÃO AO PT
(13.dez.25) - Antônio Carlos Biffi discursa na Plenária do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul, após sua refiliação à sigla. Foto: Tero QueirozAo justificar seu retorno oficial ao quadro de filiados, Biffi explicou que, na prática, nunca deixou o campo ideológico do partido. A decisão de assinar a ficha agora responde a uma urgência nacional.
“Primeiro, volto para ajudar a organizar mais o partido. Segundo, o desafio nacional é fazer com que a gente possa barrar a direita nessa volúpia de destruição do país. Esse é o desafio para todas as pessoas de bem: fazer o enfrentamento para barrar essa ‘bandidagem’ que aí está, tentando tirar proveito do povo e desrespeitando a Constituição”, afirmou Biffi.
A parte mais contundente de sua participação foi a análise sobre as chances do PT vencer o governo do estado. Para Biffi, a hegemonia da extrema direita é frágil e sustentada pelos erros da oposição, não por méritos próprios. Ele usou o retrospecto eleitoral para sustentar que Fábio Trad tem reais condições de vitória.
“Olha, o Zeca também ‘não tinha condição’ e ganhou. Eu não tenho dúvida de que o fator surpresa pode nos levar à vitória em Mato Grosso do Sul”, avaliou.
Biffi argumentou, com dados, apontando a fraqueza eleitoral da oposição em MS:
“Os dados estão aí. O Reinaldo Azambuja perdeu para o Delcídio no primeiro turno [em 2014]. Na reeleição, ele perdeu no primeiro turno para o Juiz Odilon, que era um iniciante na vida política. Isso é a demonstração de que, efetivamente, eles são ruins de voto. E a eleição do Riedel só ocorreu porque o Capitão Contar era muito ruim, ou o Riedel teria perdido”.
Em seu discurso no palco, ele reforçou a tese:
“Nós vamos debater com esses caras e vamos ganhar, porque nós temos um projeto do nosso povo. Sem contar o nosso presidente Lula: do jeito que está indo, nós vamos reelegê-lo no primeiro turno. E vamos ganhar aqui também”.
RECONCILIAÇÃO E CHAMADO À MILITÂNCIA
(13.dez.25) – Biffi retorna ao PT e faz as pazes com secretário do partido. Foto: Tero QueirozO retorno de Biffi também marcou o fim de antigas divergências internas. Durante sua fala, ele saudou Romênio Pereira, Secretário Nacional de Assuntos Institucionais do PT, com quem travou disputas no passado.
“O Romênio, com quem briguei por muitos anos em Brasília, mas que trouxe várias vezes aqui, é um grande companheiro. Fizemos as pazes. Somos amigos de luta e de trabalho”, declarou, selando a unidade partidária.
Encerrando sua participação, o ex-deputado convocou a militância para a ação imediata.
“Amanhã [domingo, 14], a partir das 8 horas da manhã, todos devem comparecer na esquina da 14 de Julho com a Afonso Pena, na Praça Ary Coelho. É o nosso ato nacional contra essa bandidagem que está no Congresso. Vamos dar uma demonstração de força e o pontapé inicial nesse grande projeto”, finalizou Biffi.











