26 de abril de 2024
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ESCÂNDALO | PANDEMIA

Ex-médicos da Prevent confirmam; economia foi colocada à frente da saúde pelo Governo

Advogada de profissionais disse que existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo

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Na sessão de ontem (30.set.2021) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, ficou aprovada a convocação de três ex-médicos da Prevent Senior que integrariam o grupo que elaborou um dossiê com denúncias contra a operadora de saúde. 

Foram convocados, segundo Agência Folhapress, George Joppert, Andressa Joppert e Walter Correa de Souza Neto. Marcos Rogério (DEM-RO), autor do requerimento, argumenta que o diretor-executivo da Prevent Pedro Benedito Batista Júnior, em depoimento à comissão, afirmou que o casal alterou planilhas de um estudo para apontar que a operadora omitia mortes de pacientes com Covid-19 que receberam tratamento precoce.

Vale ressaltar que, com poucas exceções, os profissionais ainda se mantêm no anonimato temendo represálias. De acordo com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a próxima semana será voltada para conclusão da investigação relacionada à CPI. 

"Na quarta-feira (6), a minha proposta é que nós ouçamos um dos médicos que atuaram dentro da Prevent Senior. Um daqueles 12 médicos", afirmou Aziz na abertura da sessão desta 5ª feira (30.set.2021). Até mesmo um representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) será ouvido para tratar essas denúncias contra a rede. 

Bruna Morato, advogada do grupo de médicos responsáveis pela denúncia, não revelou a identidade de nenhum dos profissionais. O dossiê relata que hospitais da Prevent Senior eram usados como "laboratórios" para estudos com medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19, como a hidroxicloroquina. Os familiares dos pacientes não seriam informados de que receberiam esses medicamentos.

Em sua fala, Morato confirmou essas denúncias e ainda relatou um elo entre a Prevent Senior, o Conselho Federal de Medicina e o chamado gabinete paralelo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia. A operadora faria parte de um "pacto" para propagar medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid.

Ainda, em uma revelação que chamou a atenção dos senadores, ela mencionou que o gabinete paralelo atuava em consonância com o Ministério da Economia, que defendia a estratégia.

"O que eles me explicaram foi o seguinte: existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare, e, se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, nós teríamos um abalo econômico muito grande, então existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo", disse.

Ela aponta que a estratégia era ter um aconselhamento de médicos. "Esses médicos eu posso citar também de forma nominal, porque me foi dada essa explicação: o doutor Anthony Wong, toxicologista responsável por desenvolver um conjunto medicamentoso atóxico; doutora Nise Yamaguchi, especialista em imunologia, a qual deveria disseminar informações a respeito da resposta imunológica das pessoas; o virologista Paolo Zanotto, para que ele falasse a respeito do vírus e tratasse a respeito dessa situação de forma mais abrangente, evocando notícias. E a Prevent Senior iria entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, a qual nós chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito", argumentou a advogada.