25 de abril de 2024
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Indignada com os "traidores", Dilma diz que a luta está "apenas começando"

"Estamos no início da luta, que será longa e demorada", afirmou Dilma em seu pronuciamento

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A presidente Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira (18), no final da tarde, concedeu entrevista coletiva a jornalistas, um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a admissibilidade do processo de impeachment, e em seu discurso  disse que se sentiu indignada e injustiçada com a decisão, e que a luta para barrar o impeachment no Senado está "apenas começando".

Ela reafirmou que o processo não tem base de sustentação, repetindo que não cometeu crime de responsabilidade. Dilma contou que assistiu a todas as intervenções dos deputados durante a votação e não viu “uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira de se julgar um presidente no Brasil”.

“Injustiça sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando, de uma forma absurda, se acusa alguém por algo, primeiro, que não é crime, e segundo, acusa e ninguém se refere a qual é o problema”, disse.

Recorrendo à Constituição, a presidenta disse que o impeachment está previsto, mas “é necessária existência de crime de responsabilidade, para que a pessoa possa ser afastada da Presidência da República. Ao repetir várias vezes a palavra injustiça, Dilma disse que poderia bater em apenas uma tecla, de que não há crime, mas afirmou que é importante porque “é a tecla da democracia”.

"Os atos pelos quais me acusam foram praticados por outros presidentes antes de mim e não foram considerados atos ilegais ou criminosos. Portanto, quando me sinto indignada e injustiçada, é porque a mim se reserva um tratamento que não se reservou a ninguém. Atos baseados em pareceres técnicos. Nenhum deles beneficia a mim diretamente. Não são atos praticados para que eu enriquecesse indevidamente", afirmou.

Fazendo menção indireta ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ela afirmou que “aqueles que têm conta no exterior” presidiram o processo. Ela declarou que possui a “consciência” que não há ilegalidade nos atos que assinou e motivaram o pedido de impeachment. "Não os fiz ilegalmente e baseado em nenhuma ilegalidade. Tenho certeza que sabem que é assim. Todos sabem que é assim", disse.

Dilma também citou o seu vice, Michel Temer, dizendo ser "estarrecedor" um vice-presidente conspirar contra sua parceira de chapa. "em nenhuma democracia do mundo, uma pessoa que fizesse isso seria respeitada. A sociedade humana não gosta de traidor, afirmou. Ela disse ainda que nenhum governo será legitimo sem ser pelo voto secreto e direto em uma eleição.

Está é a primeira declaração pública de Dilma após os deputados aprovarem nesse domingo (17), por 367 votos, o prosseguimento do processo contra ela. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, como foi na Câmara, a presidenta será afastada por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si, e define se Dilma terá o mandato cassado.

Nesta segunda-feira (18), a presidente recebeu líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para debater estratégias. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse hoje (18) que a luta para barrar o impeachment no Senado está “apenas começando”. "Ao contrario do que alguns anunciaram, não começou o fim. Estamos no início da luta, que será longa e demorada", avaliou a presidente.