16 de março de 2025
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'EMENDAFAST'

Operação da PF investiga desvio de emenda parlamentar em hospital

Flávio Dino (STF) autorizou operação deflagrada na 5ª.feira

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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Operação EmendaFest, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na 5ª.feira (13.fev.25). A investigação apura fraudes no repasse de emenda parlamentar destinada a um hospital no Rio Grande do Sul.

Conforme Dino, foram identificados “consistentes indícios de desvios de recursos públicos”, equivalentes a 6% dos valores repassados.

Dois investigados foram afastados de seus cargos públicos e tiveram seus bens bloqueados pela Justiça.

ENTENDA

As investigações envolvem repasses ao Hospital Ana Nery, no município de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, com desvios, que até o momento, superam os R$ 500 mil pagos em propina.

Por envolver Lino Rogério, chefe de gabinete do deputado federal Afondo Motta (PDT-RS), a investigação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele já foi afastado do cargo.

Conforme o portal Notícias ao Minuto, Motta não foi alvo das diligências requeridas pela PF, fato que foi destacado por Dino. Para justificar a condução do caso pelo STF, o ministro argumenta que “somente a Suprema Corte pode supervisionar a investigação sobre a existência, ou não, do envolvimento do parlamentar federal com o desvio dessas emendas”.

CONTRATO

Em relatório com mais de 100 páginas, a PF descreve uma negociação entre Rogério e o lobista Cliver Fiegenbaum, que teria intermediado os desvios de recursos públicos. Foram anexadas conversas de WhatsApp em que os dois parecem acertar detalhes do esquema.

Foi apresentado um contrato firmado entre o hospital e uma empresa ligada a Fiegenbaum para “captação de emendas parlamentares”, em que uma das cláusulas prevê o pagamento de 6% das emendas captadas pela prestação do serviço.

Para a PF, contudo, o contrato tinha como objetivo dar aparência legal e facilitar a lavagem das quantias desviadas, por meio da emissão de notas fiscais fraudulentas. Os investigadores apontaram a realização de três pagamentos, que juntos somaram R$ 509,4 mil.

A PF apontou ainda o envolvimento de funcionários do hospital, que teriam atuado para acobertar e facilitar o esquema. “Existe a demonstração de envolvimento de várias pessoas ligadas ao Hospital Ana Nery”, destacou Dino, “com transcrição das conversas de Whatsapp [aplicativo de mensagens] e individualização de suas respectivas participações”.

Em nota enviada à imprensa, o gabinete de Motta negou a participação do parlamentar no esquema. “O deputado Afonso Motta sustenta que nem ele nem o gabinete foram alvos da operação da PF. O parlamentar afirma que foi surpreendido e que está buscando acesso aos autos, para entender o que é investigado e se posicionar”, diz a nota.

A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com a defesa de Cliver Fiegenbaum, e também busca posicionamento do Hospital Ana Nery, e está aberta a manifestações dos dois.