08 de novembro de 2025
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CORRUPÇÃO

Prefeito de Terenos e mais 25 são denunciados por fraudes de R$ 15 milhões

A ação é resultado da Operação Spotless, deflagrada em setembro deste ano pelo Gaeco

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB), e outros 25 envolvidos em um suposto esquema de corrupção que teria desviado mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos por meio de fraudes em licitações e contratos.

A ação é resultado da Operação Spotless, deflagrada em setembro deste ano pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), com apoio da Procuradoria-Geral de Justiça.

Segundo a denúncia, a Prefeitura teria se transformado em “um verdadeiro balcão de negócios”, onde contratos eram direcionados a empresas de fachada ou ligadas diretamente aos investigados. De acordo com o procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o esquema era comandado pelo próprio prefeito, se perpetrando como uma organização criminosa instalada há anos na administração municipal para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, "liderada pelo chefe do Executivo".

As investigações apontam que a rede criminosa atuava de forma estruturada, com núcleos de empresários e servidores públicos. A fraude consistia em simular concorrência em licitações, atestar serviços não realizados e liberar pagamentos de forma irregular. Empresas sem capacidade técnica eram utilizadas para criar a aparência de legalidade nos processos.

A operação cumpriu mandados de prisão e busca em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP). Documentos foram apreendidos em residências, empresas, além do gabinete e da casa do prefeito.

Denunciados pelo MPMS

Além do prefeito Henrique Budke, foram denunciados:

Arnaldo Glagau (PSD) – vereador e empresário

Arnaldo Santiago – empresário

Cleberson José Chavoni Silva – empresário

Daniel Matias Queiroz – empresário

Edneia Rodrigues Vicente – empresária

Eduardo Schoier – empresário

Fábio André Hoffmeister Ramires – policial militar e empresário

Felipe Braga Martins – empresário

Fernando Seiji Alves Kurose – empresário

Genilton da Silva Moreira – empresário

Hander Luiz Corrêa Grote Chaves – empresário

Isaac Cardoso Bisneto – ex-secretário de Obras

Leandro Cícero de Almeida Brito – engenheiro

Luziano dos Santos Neto – empresário

Maicon Bezerra Nonato – servidor público

Marcos do Nascimento Galitzki – empresário

Nádia Mendonça Lopes – empresária

Orlei Figueiredo Lopes – comerciante

Rinaldo Córdoba de Oliveira – empresário

Rogério Luís Ribeiro – empresário

Sandro José Bortoloto – empresário

Sansão Inácio Rezende – empresário

Stênia Souza da Silva – empresária

Tiago Lopes de Oliveira – empresário

Valdecir Batista Alves – empresário

Empresas ligadas ao esquema

As apurações mostram que diversas construtoras e prestadoras de serviços atuaram como fachada para o grupo. Entre elas estão: Conecta Construções, Construtora Kurose, Base Construtora, Lopes Construtora, Construtora Real, D’Aço Construção e Logística, Agpower Engenharia, Limpe Bem, Marsoft Informática, RS Construções, Angico Construtora, Bonanza Comércio, Fortes Construtora, Tecnika Construções e outras.

Muitas dessas empresas, segundo o MP, não tinham estrutura compatível para os serviços contratados, sendo usadas apenas para simular competitividade nos processos licitatórios.

Henrique Budke foi denunciado por organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de capitais e frustração do caráter competitivo de licitação. Ele também pode ser condenado à perda de bens adquiridos no esquema.

Empresários e servidores respondem por organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e improbidade administrativa. Alguns denunciados podem se tornar inelegíveis pelo dobro do tempo da pena aplicada.

A Spotless é um desdobramento da Operação Velatus, deflagrada em 2024, que já havia revelado fraudes semelhantes na cidade. Na ocasião, o então secretário de Obras, Isaac Cardoso, e o empresário Hander Luiz Corrêa Grote chegaram a ser presos. Ambos voltaram a aparecer entre os denunciados na nova fase.