O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Wancura Budke (PSDB), e outros 25 envolvidos em um suposto esquema de corrupção que teria desviado mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos por meio de fraudes em licitações e contratos.
A ação é resultado da Operação Spotless, deflagrada em setembro deste ano pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), com apoio da Procuradoria-Geral de Justiça.
Segundo a denúncia, a Prefeitura teria se transformado em “um verdadeiro balcão de negócios”, onde contratos eram direcionados a empresas de fachada ou ligadas diretamente aos investigados. De acordo com o procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o esquema era comandado pelo próprio prefeito, se perpetrando como uma organização criminosa instalada há anos na administração municipal para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, "liderada pelo chefe do Executivo".
As investigações apontam que a rede criminosa atuava de forma estruturada, com núcleos de empresários e servidores públicos. A fraude consistia em simular concorrência em licitações, atestar serviços não realizados e liberar pagamentos de forma irregular. Empresas sem capacidade técnica eram utilizadas para criar a aparência de legalidade nos processos.
A operação cumpriu mandados de prisão e busca em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP). Documentos foram apreendidos em residências, empresas, além do gabinete e da casa do prefeito.
Denunciados pelo MPMS
Além do prefeito Henrique Budke, foram denunciados:
Arnaldo Glagau (PSD) – vereador e empresário
Arnaldo Santiago – empresário
Cleberson José Chavoni Silva – empresário
Daniel Matias Queiroz – empresário
Edneia Rodrigues Vicente – empresária
Eduardo Schoier – empresário
Fábio André Hoffmeister Ramires – policial militar e empresário
Felipe Braga Martins – empresário
Fernando Seiji Alves Kurose – empresário
Genilton da Silva Moreira – empresário
Hander Luiz Corrêa Grote Chaves – empresário
Isaac Cardoso Bisneto – ex-secretário de Obras
Leandro Cícero de Almeida Brito – engenheiro
Luziano dos Santos Neto – empresário
Maicon Bezerra Nonato – servidor público
Marcos do Nascimento Galitzki – empresário
Nádia Mendonça Lopes – empresária
Orlei Figueiredo Lopes – comerciante
Rinaldo Córdoba de Oliveira – empresário
Rogério Luís Ribeiro – empresário
Sandro José Bortoloto – empresário
Sansão Inácio Rezende – empresário
Stênia Souza da Silva – empresária
Tiago Lopes de Oliveira – empresário
Valdecir Batista Alves – empresário
Empresas ligadas ao esquema
As apurações mostram que diversas construtoras e prestadoras de serviços atuaram como fachada para o grupo. Entre elas estão: Conecta Construções, Construtora Kurose, Base Construtora, Lopes Construtora, Construtora Real, D’Aço Construção e Logística, Agpower Engenharia, Limpe Bem, Marsoft Informática, RS Construções, Angico Construtora, Bonanza Comércio, Fortes Construtora, Tecnika Construções e outras.
Muitas dessas empresas, segundo o MP, não tinham estrutura compatível para os serviços contratados, sendo usadas apenas para simular competitividade nos processos licitatórios.
Henrique Budke foi denunciado por organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de capitais e frustração do caráter competitivo de licitação. Ele também pode ser condenado à perda de bens adquiridos no esquema.
Empresários e servidores respondem por organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e improbidade administrativa. Alguns denunciados podem se tornar inelegíveis pelo dobro do tempo da pena aplicada.
A Spotless é um desdobramento da Operação Velatus, deflagrada em 2024, que já havia revelado fraudes semelhantes na cidade. Na ocasião, o então secretário de Obras, Isaac Cardoso, e o empresário Hander Luiz Corrêa Grote chegaram a ser presos. Ambos voltaram a aparecer entre os denunciados na nova fase.











