24 de abril de 2024
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CIRO NOGUEIRA NA CASA CIVIL

"Se gritar pega Centrão, vai R$ 4 bilhão pro Fundão", reage Web

Jair Bolsonaro coloca Centrão numa das principais pastas do Governo e tenta converter os aliados a se acomodarem com a ideia

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Enfim Jair Bolsonaro (sem partido) escancara a estratégia para sua tentativa de reeleição. O político escolheu o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil e, se não bastasse, Bolsonaro também assumiu que deve disputar a eleições pela sigla. "Eu nasci de lá", disse o presidente na quinta (22.jul)

O Centrão é o bloco de partido fisiologistas, estratégico, que se encaixa em governos para aprovar benefícios políticos e ampliar capital. 

Em 2018, Bolsonaro e sua sigla, na época o PSL, eram grandes críticos do Centrão e do chamado “toma lá da cá”, expressão que resume a estratégia dos ocupantes da “centro-política brasileira”. 

À época o general Augusto Heleno, hoje ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), viralizou ao cantarolar uma paródia na levada da música “É Ladrão Que Não Acaba Mais”, de Bezerra da Silva. Heleno disse na época: “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, cantou Heleno, em cena filmada e postada nas redes sociais, fazendo uma paródia e cantando “centrão” no lugar de “ladrão”, que consta na letra original de “Reunião de Bacanas”, composta por Ary do Cavaco e Bebeto Di São João.

"Querem reunir todos aqueles que precisam escapar das barras da lei num só núcleo. Daí criou-se o centrão. O centrão é a materialização da impunidade", afirmou Heleno na ocasião.

Em maio deste ano, o ministro-chefe do GSI disse que mudou sua opinião sobre o bloco político que agora sustenta o governo.

“Sobre centrão: aquela brincadeira que eu fiz foi numa convenção do PSL, na época da campanha eleitoral. Naquela época existia, à disposição na mídia, várias críticas ao centrão. Não quer dizer que hoje exista centrão”, disse.

“Eu não tenho hoje essa opinião e nem reconheço hoje a existência desse centrão. Então, naquela época é uma situação. A evolução de opinião faz parte da vida do ser humano”, completou.

FUNDÃO 

Após dizer que vetaria os R$ 5,7 bilhões destinados a campanhas políticas por meio do fundo eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro afirmou na segunda-feira (26.jul.21) que pretende derrubar apenas o que considera um “excesso” no montante e indicou que permanecerá o apoio de R$ 4 bilhões.

O valor de R$ 4 bilhões é o dobro do fundo eleitoral das eleições de 2020.

A previsão do valor para campanhas políticas em 2022 foi incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) durante a tramitação do texto na Câmara e no Senado. A indicação deste valor está ligada diretamente ao acordo com o Centrão, que não quer recuar da verba. Vale lembrar que foram filhos de Bolsonaro e aliados do governo que aprovaram o fundão de quase R$ 6 bilhões. 

Técnicos do Congresso avaliam que o presidente não tem o poder de vetar trechos separados do mesmo dispositivo, eliminado apenas o “excesso”. Ou seja, Bolsonaro teria que derrubar integralmente o valor de R$ 5,7 bilhões e depois enviar um novo projeto estabelecendo os R$ 4 bilhões para o chamado Fundão.

A brincadeira de Heleno não poderá dessa vez ser convertida, como outras afirmações de Bolsonaro que ele dá novo teor para desviar-se de críticas vindas de seus aliados. Centenas de bolsonaristas foram para as redes tuitar e repetiram a cena de Heleno, desta vez relacionando o final da letra ao acordo de Bolsonaro, de aprovar os R$ 4 bilhões para o Fundão eleitoral. “Se gritar pega Centrão, vai R$ 4 bilhão pro Fundão", reagiu a internet. 

*Com G1 e Folha.