A possibilidade de Rose Modesto trocar o PSDB por uma nova legenda para tornar exequível o projeto de disputar a Prefeitura de Campo Grande já faz parte das avaliações de lideranças tucanas. A deputada federal nada diz sobre a hipótese, mas já admitiu ao MS Notícias que aliados seus estão assumindo o controle do Podemos em Mato Grosso do Sul, para processar a incorporação do PHS e viabilizar de chapas próprias para as disputas municipais de 2020, principalmente em Campo Grande.
Ao ser perguntada pela redação se ela havia sido encarregada pela deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, para comandar o partido no Estado, Rose Modesto respondeu: “Eu não. Estou no PSDB. O Podemos está com amigos meus, Claudinho Sertão é um deles”. Sertão é o presidente da Executiva regional e está sendo substituído por pessoas ligadas à deputada sulmatogrossense.
As mudanças na direção partidária e a incorporação do PHS foram tratadas pessoalmente por Renata Abreu em Campo Grande. Ela esteve na cidade no final do ano passado, acompanhada de um dos dirigentes nacionais do PHS. Indagada se esteve com a dirigente, Rose confirmou, desconversando: “Sim, é minha colega aqui [na Câmara]. Esteve no nosso Estado uma semana de férias. Nos tornamos amigas. Renata é uma grande líder”.
O que se ventilou dessa história é que o Podemos mudou o rumo de sua bússola. Inicialmente, o objetivo era engarupar-se no PDT com a candidatura do juiz Odilon de Oliveira e em seguida passar o controle do Podemos aos trabalhistas. Até um membro do staff de Odilon foi designado para cumprir esse papel. A operação, porém, foi interrompida quando Rose Modesto entrou no cenário.
A dúvida dos tucanos, notadamente dos reinaldistas, é se Rose Modesto, que deve sua vitoriosa escalada política ao partido e especificamente Reinaldo Azambuja, que vai passar por cima do interesse declarado do governador de apoiar a candidatura do prefeito Marquinhos Trad (PSD) à reeleição. Em princípio, toda a base aliada de Azambuja estaria automaticamente envolvida nesta solução, inclusive apresentando os nomes de Eduardo Riedel, João Rocha e Carlos Alberto Assis para vice de Marquinhos.
O que iria quebrar esse contexto é exatamente o envolvimento assumido por Rose na manobra que parece já ter tomado as rédeas do Podemos em Mato Grosso do Sul, e trabalha a incorporação do PHS, partido que perdeu a sua condição legal de registro por não ter atendido exigências da cláusula de barreira. Assim, com posição controladora no Podemos-MS e apoiada pela cúpula para fortalecer a legenda, Rose teria motivos suficientes para oxigenar o sonho de disputar a Prefeitura, enfraquecendo o PSDB e despejando um caldeirão de água fria no entendimento que Azambuja quer construir para devolver a Marquinhos Trad o apoio que recebeu em sua campanha pela reeleição.
CLÁUSULA DE BARREIRA – Nas eleições de 2018 para a Câmara dos Deputados, os partidos estavam obrigados a obter ao menos 1,5% dos votos válidos, distribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com um mínimo 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito no mínimo nove deputados, distribuídos em ao menos um terço das unidades da federação.